quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Sete Vidas




Durante quase todo o filme só o que vemos na tela é Ben Thomas (Will Smith), um funcionário da Receita Federal, se esforçando para ajudar pessoas desconhecidas ao mesmo tempo em que abre mão das coisas que possui, da sua alegria e da sua vida. O filme nos deixa meio perdidos a maior parte do tempo por não nos deixar compreender os motivos que o levam a fazer isso, enquanto nos dá dicas, através de alguns flashes de memória e sonhos do protagonista, que o que atormenta Ben é um acidente de carro que provocou a morte de sua mulher. Somente nos últimos minutos toda a história é esclarecida, criando um final intenso e interessante. Mas enquanto isso, somos obrigados a ver uma história que se desenrola a passos muitíssimos lentos, sem nada de especial e com clichês.


Will Smith confirma seu talento em papéis dramáticos, mas o que ele nos oferece dessa vez não supera sua performance em À procura da Felicidade (do italiano Gabriele Muccino, mesmo diretor de Sete Vidas) e nem traz nada de novo. Ele interpreta bem alguém que sente uma dor profunda e uma necessidade de se redimir de alguma coisa. Não há uma química convincente entre Smith a bela atriz Rosário Dawson, com quem contracena quase o tempo todo, e acho que essa é a maior falha do filme, pois ele investe muito nesse relacionamento cansativo e dá pouca muito pouca importância aos outros personagens que compõem as “sete vidas”. Woody Harrelson , por exemplo, está ótimo no papel de um cego e se destaca mesmo nas poucas cenas em que aparece. Merecia uma participação maior.


Resumindo, um filme triste do começo ao fim com uma história criada para ser emocionante e arrancar lágrimas. Mas por mais que eu me esforçasse, não consegui me envolver com essa história.



Título Original: Seven Pounds. País: EUA. Direção: Gabriele Muccino. Roteiro: Grant Nieporte. Elenco: Will Smith, Rosario Dawson, Woody Harrelson, Madison Pettis, Barry Pepper, Sarah Jane Morris, Michael Ealy, Robinne Lee, Bill Smitrovich, Elpidia Carrillo, Dale Raoul, Bojana Novakovic, Gina Hecht, Jack Yang, Judyann Elder


Nota 5/10

domingo, 21 de dezembro de 2008

Gomorra




A influência da máfia Camorra na vida e no cotidiano das pessoas que vivem em uma área da periferia de Nápoles é o que esse denso filme do diretor e roteirista Mateo Garrone tem a mostrar. E para isso ele faz uso de muitos personagens, subtramas entrelaçadas, muitas cenas violência, bons atores e uma fotografia que retrata bem o quão deprimente é esse universo.

Sob a proteção da máfia e também por medo dela, as famílias que vivem nessa região criam uma sólida estrutura para o tráfico de drogas e crime organizado. Os jovens vêem nesse negócio a única forma de ganhar dinheiro e poder, e desde muito novos são explorados pela organização. A iniciação dos jovens no crime e o trágico destino que os espera é um dos pontos altos do filme.
O filme não nos poupa de cenas chocantes. Um exemplo é a cena onde vemos crianças dirigindo enormes e pesados caminhões de lixo tóxico como se aquilo fosse uma brincadeira. Por um momento acompanhamos o olhar de um personagem que, até então deslumbrado pelas “ótimas” oportunidades que a máfia lhe oferece, observa aquilo tudo com incredulidade.
A ótima fotografia é essencial para compreensão daquele universo. Os dias nublados e frios, os cenários cinzas com prédio velhos, sujos, os interiores das casas sempre com pouca luz e poucas cores criam um ambiente triste, deprimido e grave. As grades e as portas sempre fechadas retratam o medo daquelas pessoas.
Um recurso muito utilizado no filme é manter apenas o personagem principal em foco. Isso ocorre principalmente nas cenas em que o alfaiate contracena com os chineses. Esses aparecem frequentemente desfocados, ou de costas, ou em movimento. Isso pode representar a insegurança e o desconforto do alfaite por estar comentendo atos que colocam em risco a sua vida.
Os principais personagens que acompanhamos são uma boa amostra do que compõe o mundo do crime. Primeiro, um garoto que vê na máfia a possibilidade de ascensão social, e após se envolver com ela é pressionado a cometer um ato que o faz ver que aquilo não é uma brincadeira. Uma dupla de jovens que querem tomar o poder na região, mas que a imaturidade dos seus atos culminam em um trágico desfecho. Um alfaiate que tem seu talento explorado pela máfia, o homem que paga as famílias protegidas e que vê sua vida ameaçada mas não encontra forma de se livrar do trabalho e um jovem que acompanha a forma desonesta e desumana dos mafiosos fazerem negócios e resolve jogar tudo para o alto.
Gomorra é um filme que por várias vezes me lembrou Cidade de Deus no que diz respeito às relações de poder, a probreza, a violência e o envolvimento de crianças e jovens com o crime.
Por vezes, o filme me pareceu um pouco lento e com cenas desnecesárias. Mas é um filme forte, interessante e com estilo próprio. Percebemos um interesse especial do diretor mais nos personagens do que trama.

Curiosidades: vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes de 2008 e candidato italiano ao Oscar 2009.

Nota 8/10

sábado, 20 de dezembro de 2008

Estômago



Dirigido por Marcos Jorge, Estômago conta a história de Raimundo Nonato (personagem vivido por João Miguel), um nordestino que, como muitos outros, desembarca sem dinheiro em uma cidade grande. Seu primeiro trabalho, que ele aceitou em troca de comida e um lugar pra dormir, foi em um botequim, onde descobriu seu talento para a culinária.


A história é muito bem conduzida, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento do personagem principal. O roteiro intercala cenas que contam a trajetória de Raimundo Nonato na cidade e sua trajetória no presídio. Nos dois casos, é principalmente o talento para culinária que o levar a melhorar sua posição social.


Logo no início, o filme já desperta a curiosidade do espectador ao revelar que o protagonista será preso, mas sem revelar o motivo. O Nonato que vemos na penitenciária no início do filme é tão inofensivo quanto aquele que chega à cidade cheio de boa vontade. A transformação do personagem se dá no mesmo ritmo nos dois ambientes.


Como não podia deixar de ser, o filme explora bastante os prazeres da gula. Nas cenas em que Nonato está preparando um prato ou alguém está comendo o que ele fez, a trilha sonora entra com músicas suaves e prazerosas, os ambientes (mesmo quando são no presídio) se tornam mais limpos, bonitos e com cores quentes, e a filmagem fica mais lenta. Há closes nas mãos que preparam o alimento, nos ingredientes, nas panelas e nas bocas que mastigam. Sexo e gula aparecem também fortemente ligados. È com seus quitutes que Nonato conquista a prostituta Íria (Fabiula Nascimento), por quem se apaixona. Em uma das cenas dos dois juntos, ela literalmente janta enquanto eles transam. Essa é uma cena quase idêntica à do filme Maus Hábitos; filme aliás bem interessante, que explora não só os prazeres que a gula proporciona, mas principalmente as angústias que ela pode trazer.


João Miguel, que já se destacou mesmo em papéis secundários (Cinema, Aspirinas e Urubus, O Céu de Suely e Mutum) demonstrou mais uma vez ser um excelente ator. Carismático, convincente e bem preparado, ele cria um personagem interessante e intenso, com o qual nos identificamos imediatamente. Ao mesmo tempo em que vemos na tela um homem simples, humilde, divertido e muito sincero, sabemos que de bobo ele não tem nada, o que se confirma na forte cena em que ele toma o vinho mais precioso do seu patrão quando esse abusa de algo que para Nonato possui muito valor.


O filme contém um plano sequência interessante (haveria ali algum corte escondido?) em que a câmera percorre uma comprida mesa enquanto acompanha Nonato colocando nela os pratos do banquete que preparou. Após chegar ao final da mesa a câmera retorna ao início dela, mostrando, dessa vez, os alimentos já devorados pelos convidados.


Estômago é um filme com momentos de comédia, suspense, romance e até terror, como na cena a la Hannibal Lecter, que na verdade achei um pouco forçada. Retrata hierarquias e relações de poder na sociedade e explora bem o desenvolvimento psicológico do protagonista A forma direta e nada amena do filme tratar o corpo humano é bem condizente com o título. Trata-se de um filme rico e interessante que merece ser visto.


Nota 9/10

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O Banheiro do Papa


A proximidade da visita do Papa João Paulo II à Melo, pequena e pobre cidade uruguaia próxima à fronteira com o Brasil, traz esperanças de bons negócios para seus habitantes, que se preparam para armar barraquinhas de venda de comidas e lembranças. Beto (César Trancoso) a princípio não planejava fazer nada, mas impulsionado pelo otimismo dos amigos e pela exagerada cobertura jornalística do evento, decide construir no terreiro de sua casa um banheiro para alugar à multidão de visitantes que era esperada para o discurso do Papa.

O filme evolui de maneira bem regular e tradicional, primeiro mostrando o cotidiano de Beto (seu arriscado trabalho de transportador de mercadorias entre as fronteiras, sua família, seus amigos, sua cidade e seus sonhos), depois sua luta para conseguir o dinheiro pra construiur o banheiro, e no último ato um desfecho que, ainda que previsível, não deixa de ser tenso e tocante.
Acompanhando os esforços de Beto para levar adiante seus planos, o filme encontra espaço para explorar a relação que esse mantém com sua família. Carmen, sua mulher, muito bem interpretada por Virginia Mendez, representa o lado realista da relação. É uma mulher forte e trabalhadora, sem muitas vaidades e de uma certa forma conformada com a vida dura, sonhando apenas com uma sorte melhor para sua filha, Sílvia (Virginia Ruiz), que deseja estudar para ser radialista. Já Beto é sonhador, se acha muito inteligente e busca sempre idéias novas para conseguir melhorar de vida. Embora possuam personalidades muito distintas, o amor está sempre presente e todas as dificuldades só serviram para unir mais essa família.
O Banheiro do Papa é o filme de estréia de César Charlone e Enrique Fernández (que também escreveram o roteiro) na direção de longa-metragens. Eles apostaram em uma bela fotografia, cenários e situações muito realistas e um tema bem interessante.

Nota 7/10

De volta

Ok... após um turbulento final de semestre na faculdade e um curso de crítica e linguagem cinematográfica, estou de volta!
Minhas críticas passarão a ser publicadas também no blog http://www.cinemaemcena.com.br/EntradaFranca/, junto às dos meus colegas do curso de crítica.
Até mais!!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Linha de Passe


Muitas são as qualidades desse filme, mas seu maior trunfo é ser muito brasileiro. É o retrato da vida real de muitos de nós, e mesmo quem não se vê na pele de um dos personagens, pelo menos reconhece aquilo que vemos na tela como sendo bem próprio da nossa realidade, das pessoas que nos cercam e dos nossos problemas.

O personagem núcleo do filme é a empregada doméstica Cleuza, brilhantemente interpretada pela premiada atriz de Cannes Sandra Corveloni. Cleuza cria sozinha seus quatro filhos homens e espera pelo quinto. O filme desenvolve paralelamente as histórias, sonhos e problemas de cada um dos personagens, mas mantendo um ponto central onde as histórias se cruzam, que pode ser representado pela casa onde moram e pela mãe Cleuza. O desfecho da história não poderia ser mais condizente com tudo aquilo que foi mostrado no filme e com a realidade dos brasileiros. É uma super mãe sentindo as dores de todos os seus filhos que lutam muito, mas não conseguem o reconhecimento que merecem.

Esse filme não só tem um ótimo roteiro e ótimas interpretações (claro, o elenco foi preparado pela rigorosa Fátima Toledo), mas também apresenta uma boa qualidade técnica. Filme que já fez sucesso em Cannes e que acredito que tenha potencial para um grande sucesso internacional. Com certeza seus realizadores estão lutando muito pra isso, mas se vão conseguir o reconhecimento que merecem....

Nota 10!

domingo, 31 de agosto de 2008

Chega de Saudade


Show, muita dança, paqueras, bebidas, beijos ardentes, sexo, brigas, traição, reconciliação, solidão. Tudo isso acontece em um salão de baile para pessoas da terceira idade. Usando apenas um cenário e os acontecimentos de uma noite, a diretora Laís Bodanzky mostra o universo de um grupo de pessoas que não acha que a vida acaba com a velhice.
Trata-se de um belíssimo filme, muito realista, envolvente e com aguçada sensibilidade. Muito inteligente a inclusão na trama do personagem Bel, interpretado com grande competência pela atriz Maria Flor. Seu personagem resgata a juventude e provoca naqueles que com ela contracenam sentimentos diversos e inesperados naquele ambiente.
Esse filme me fez esquecer totalmente o que estava à minha volta e assistir a tudo que acontecia naquele salão como se eu estivesse lá, sentada em uma mesa e observando tudo de perto. Walter Carvalho (O Céu de Suely), diretor de fotografia, é em grande parte responsável por esse aspecto realista do filme.
Chega de Saudade é o segundo filme de Laís Bodanzky, diretora de Bicho de Sete Cabeças.

Nota 9/10

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Sicko - S.O.S. Saúde


Sicko é um documentário interessante, mas não é nenhuma obra-prima. Dessa vez Michael Moore realiza uma pesquisa sobre o sistema de saúde americano, atacando especialmente as estratégias dos planos de saúde para maximizar seus lucros às custas da saúde daqueles que pagam os planos. O diretor expõe a situação, mostra depoimentos de pessoas prejudicadas e denuncia os políticos coniventes. Também é feita uma comparação do sistema de saúde dos EUA com o da Inglaterra e França. Tudo isso feito com humor, é claro, pois trata-se de Michael Moore. Mas um humor não muito original, e não sei se gosto da maneira como ele explora o emocional das pessoas e força as respostas. De qualquer forma, uma boa fonte de informações e mais uma vez nos dá uma boa noção do que é esse jeito individualista do americano.

Nota 7/10

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

DVD

Exuberante Deserto

Exuberante Deserto tem uma das cenas mais bonitas que eu já vi no cinema: um homem (um verdadeiro cavalheiro) de certa forma estranho ao ambiente em que está, convida sua namorada para dançar quando um outro personagem começa a tocar uma canção no piano. A princípio, são olhares de reprovação que eles recebem, mas segundos depois, é impossível não ficar embalado pela música e pela emoção contagiante daquele casal.

Esse filme conta a história de um povo que vive em comunidade, segundo algumas regras rígidas por ela estabelecidas. Por um lado, todos têm o que precisam, e todos são iguais. Por outro lado, as liberdades individuais são reprimidas. Vemos boa parte do filme sob a ótica de Dvir, filho pré-adolescente da emocionalmente perturbada Miri. Ele aos poucos vai percebendo que aquela sociedade vive de aparências e que por baixo daquela casca há muita coisa podre (muito me lembrou aquela sociedade criada por Lars Von Trier em Dogville). Mas como Dvir não é submisso ao ponto de vista que lhe ensinaram a ter, ele tenta desesperadamente salvar sua mãe da depressão. E isso o ator Tomer Steinhof faz muito bem, pois soube representar com leveza essa fase da vida, onde não se é mais criança e nem adulto.

Exuberante Deserto é uma co-produção entre Israel, Japão e Alemanha, e foi o filme vencedor do Urso de Vidro no Festival de Berlim 2007.

Nota 10!!



O Pequeno Italiano

Filme russo do diretorAndrei Kravchuk. Poucos conseguem contar uma história de crianças em orfanato que soe tão verdadeiro. Isso porque o filme demonstra a real maturidade que essas crianças desenvolvem, já que não vivem em nenhum sonho de fadas. Kolya Spiridonov, que faz o papel do pequeno italiano, é muito carismático e emociona por sua simplicidade e perseverança.

Nota 8/10


Smiley Face - Louca de dar nó

Esse é um dos piores filmes que eu já vi na vida. Aluguei-o porque ele participou do festival INDIE de cinema no ano passado, e por isso eu achei ele teria chances de ser bom. Mas é uma droga, confesso que nem consegui assistir até o final. Comédia nerd nada interessante, irritante e ruim de dar dó.

Nota 2/10

Jumper

Jumper não passa de uma historinha fraca de perseguição com algumas cenazinhas de ação onde o que salva são os efeitos especiais. Fora isso, são só cenas clichês de adolescentes americanos achando que são adultos. Nenhuma interpretação que preste e nada realmente interessante. E o cabelo branco que Samuel Jackson usa para interpretar o caçador de Jumpers é ridículo e tosco.

Nota 5/10

terça-feira, 29 de julho de 2008

Em DVD

A Família Savage

Comédia dramática que superou minhas expectativas. Laura Linney e Philip Hoffman Seymour (dois grandes talentos) apresentam em tela uma ótima interação, garantindo a dose certa de humor e drama para esse filme. A trama gira em torno de dois irmãos que, cada um com sua vida bem independente do outro, são obrigados a conviver por um tempo enquanto cuidam do pai que está na fase final de sua vida. O filme explora tanto os dramas individuais dos personagens como as relações familiares que os envolve e ainda consegue extrair humor de situações muito dramáticas. Um filme inteligente, divertido e emocionante.

Nota 10!




Paranoid Park

Com uma estrutura parecida com a do filme Elefante, Gus Van Sant nos oferece mais uma vez uma maravilhosa experiência musical e visual, ao mesmo tempo em que conta a história de um adolescente que, por acidente, comete um crime. Dessa vez o cenário onde tudo acontece é o Paranoid Park em NY, ponto de encontro de skatistas radicais.

Nota 9




Filmes de Guerra

Na última semana assisti a três dos mais populares filmes de guerra americanos: O Resgate do Soldado Ryan (1998, dirigido por Steven Spielberg), Lágrimas do Sol (2003, dirigido por Antoine Fuqua) e Falcão Negro em Perigo (2001, dirigido por Ridley Scott).

O primeiro é sem dúvida o mais inteligente e bem realizado. Ele conta com um elenco bem preparado, uma ótima direção, cenários e situações que revelam um verdadeiro clima de guerra. O filme foca não somente em cenas de ação, mas também no drama dos personagens que passam o tempo todo lutando pra manter sua integridade física e mental, enquanto buscam motivação pra arriscar suas vidas para o resgate de um mero soldado. Pela boa qualidade do filme, ganhou cinco Oscars.

Já Lágrimas do Sol é péssimo. A começar por esse título dramático. Bruce Willis interpreta o Tenente Waters, responsável por resgatar a Dr. Lena, uma médica americana que realiza trabalho voluntário em um acampamento na Nigéria , antes que grupos guerrilheiros cheguem ao local. Mas ela não aceita salvar apenas sua vida e exige que o Tenente Waters e seus homens ajudem as outras pessoas do acampamento a fugir do país. Daí pra frente é só clichê. Bruce Willis valentão, no estilo Duro de Matar, representando a força e coragem dos EUA pra salvar a humanidade. Monica Bellucci, atriz que eu até gosto, está simplesmente terrível no papel da médica, dando de uma de nervosinha o tempo todo e com a mesma expressão facial durante toda projeção. O final é o mais americanóide possível, com os nigerianos agradecendo ao exército americano como se eles fosses um deuses.

Falcão Negro em Perigo não é nenhum exemplo de filme, mas satisfaz o seu propósito. Esse já é realmente focado nas cenas de ação, que são muito bem feitas. Os cenários são ótimos e a direção do filme garante boas tomadas das cenas, que permite aos espectadores compreender bem o posicionamento dos personagens, as estratégias e o desenvolvimento das ações. Para quem gosta de longas cenas de tiroteio, esse filme é um prato cheio.

Batman - O Cavaleiro das Trevas

Dirigido com muita competência por Christopher Nolan, o mesmo que dirigiu o elogiado Batman Begins, Batman- O cavaleiro das Trevas é um filme de ação que conta com uma trama policial envolvente e tensa o tempo todo. O filme não pára nem um minuto. São muitas informações, muita ação e muitas cenas curtas encadeadas. E quando não é isso, é a presença magnética do Coringa, brilhantemente interpretado pelo falecido Heath Ledger, que não nos deixa relaxar nem um segundo.

O que torna o filme mais interessante é o fato dele não se apoiar apenas nas cenas de ação. Ele explora também o desenvolvimento emocional, moral e psicológico dos personagens. Bruce Wayne está mais maduro e consciente de que Batman não é herói o tempo todo e que não é capaz de acabar sozinho com a criminalidade e corrupção da cidade.

O Coringa, com certeza o personagem mais marcante da história, mostra o quanto ele é cruel e surpreende ao queimar uma pilha enorme de dinheiro e revelar que o quer, é ver “o circo pegar fogo”. Ele acredita na maldade e quer provar que não é o único (em uma ótima passagem do filme, ele diz que apenas está na vanguarda), mas que todos os humanos, quando ameaçados, mostram sua face do mal. E é isso que ele faz o tempo todo: obriga as pessoas a fazerem escolhas cruéis e converte quem é o do bem para o mal . E por mais que ele seja vencido no final, seu objetivo foi alcançado: Batman não é mais um herói, é um foragido. E a cidade continua no caos.

O elenco todo do filme é muito bom. Christian Bale já domina o papel desse novo Batman em conflito com sua identidade. Heath Ledge nos oferece uma das suas melhores performances, e, infelizmente, a última. Há ainda os ótimos Aaron Eckhart como o Duas Caras, Gary Oldman como o tenente James Gordon, Michael Caine como o mordomo Alfred e Maggie Gynlenhall como a mocinha do filme, que imprime muita personalidade ao personagem de Rachel.

Tudo o que Hollywood queria: um filme popular de qualidade que agrada tanto os críticos quanto o público e que já vem batendo todos os recordes de bilheteria.

Nota 10!!

sábado, 19 de julho de 2008

Em DVD

A Via Láctea

Tipo de filme que quer por que quer mostrar que é cult, força a barra e acaba se dando mal. Resultado: um filme chato. Um desperdício, porque a fotografia é simplesmente maravilhosa, os cenários são ótimos, os movimentos da câmera observadora são intrigantes e geniais. Eu sou estudante de Letras e apaixonada por literatura, mas nem por isso quero assistir um filme onde os atores ficam recitando poesia o tempo todo, e até um assaltante fica dizendo coisas “profundas” enquanto rouba o protagonista. O ritmo do filme é bastante lento, e tende muito a mostrar situações surreais, o que me fez lembrar a experiência não muito boa que tive ao assistir Império dos Sonhos. E como Lina Chamie nem é David Lynch, o filme acaba apelando para clichês, como o da cena em que o personagem Heitor se vê quando criança.
Aspectos técnicos nota 10, mas o conjunto... nota 5/10.


Juno

Ótima comédia estrelada por Ellen Page. Esse filme foi uma grande sensação nos EUA, arrecadou uma fortuna em bilheteria no mundo todo e chegou a concorrer ao Oscar 2008 em várias categorias, inclusive a de melhor filme. Levou a estatueta de melhor Roteiro Original, escrito pela estranha Diablo Cody. Eu acho um exagero. O filme é muito bom, mas não merecia estar entre os cinco melhores do ano passado. De qualquer forma, uma comédia inteligente, engraçada e com ótimas atuações. Nota 9/10

Clovefield

Muito melhor do que eu esperava. Durante o ataque de um monstro à cidade de NY, um jovem filma tudo o que acontece com ele e seus amigos desde momentos antes do ataque, quando eles estavam na festa de despedida de um amigo que iria morar no Japão, até o momento de sua trágica morte. O que vemos na tela é justamente o que foi filmado por esse jovem. E isso é o mais interessante. O foco está totalmente voltado para o drama dos personagens e sua luta para sobreviver, e não para as razões do ataque do monstro ou estratégias militares para derrotá-lo. Poderia ser melhor se esses personagens fossem mais interessantes. Nota 7/10

Margot e o Casamento

Filme tão irregular quanto sua personagem principal. Pena, porque é boa a idéia de explorar uma personagem tão complexa como Margot. Ela é uma mulher que se acha muito sábia, e que vê problemas em tudo. Seu desequilíbrio emocional atinge a todos provocando constantes brigas familiares, inclusive com seu filho adolescente, que, por estar mais próximo dela, é quem mais sofre com sua instabilidade. Mas o filme não desenvolve bem e de forma regular o perfil de Margot. Além disso, o súbito desfecho da história é totalmente insatisfatório, pois não resolve nenhuma das tramas que apresenta. Nota 5/10


Lady Chatterley

Baseado no livro O Amante de Lady Chatterley, o filme narra a história de uma mulher casada com um aristocrata paraplégico e que mantém relações amorosas secretas com um empregado de seu marido. Quanto ao enredo, nada surpreendente, mas o filme ganha veracidade devido à forma como é conduzido, a fotografia e a ótima atuação dos atores, que fortalecem essa obra. Nota 8/10.

Kung Fu Panda



Este filme narra a história de um urso panda que trabalha como ajudante de cozinheiro do seu pai, e que sonha em ser um lutador de Kung Fu, o que, à primeira vista, parece impossível, devido ao seu tamanho e ao seu desajeito. Mas Po, o panda, acaba sendo escolhido pelo mestre tartaruga Oogway para ser o novo Dragão Guerreiro. A princípio, Po não leva a sério, mas sua missão é derrotar Tai Lung, que, após anos de prisão consegue escapar e ameaça destruir a cidade por vingança, já que, anos antes ele foi rejeitado como Dragão Guerreiro.

A história traz a velha moral de que devemos acredita em nós mesmos e em nossos potenciais. O original é que a ela é contada com muito humor. Po, o panda, é um personagem muito carismático, e consegue provocar o riso mesmo em cenas clichês, como a que imita o mestre Shifu.

Nota 8/10


terça-feira, 8 de julho de 2008

Em DVD

Na Natureza Selvagem

Este filme capta muito bem o espírito livre e aventureiro do jovem Christopher McCandless, que abandona família, carreira e dinheiro para entregar-se à verdadeira liberdade e realizar seu sonho de passar um período no Alaska, afastado de qualquer contato com os humanos e totalmente integrado à natureza. A história de Chris é comovente e foi contada com muita emoção e competência por Sean Penn, que escreveu e dirigiu este longa. Dentre muitas qualidades e coisas a se notar neste filme, destaco a trilha sonora composta por Eddie Vedder, que é maravilhosa.

Nota 10!!




Meu Nome Não é Johnny

Foi tamanho o bochicho em torno desse filme que eu realmente esperava ele fosse bom. Pior pra mim, que tive uma grande decepção. É um filme sem nenhuma profundidade, que se limita a contar a história do playboy traficante João Estrela, que nem é tão interessante assim. O filme tem uma estrutura muito simples, bastante próxima à de uma novela, e ainda é longo demais, tornando-se bem aborrecido na última parte. Resumindo: um filmeco.


Nota 5/10


O Orfanato

Suspense do início ao fim. A partir da chegada de Laura (Belén Rueda) à casa onde muitos anos antes funcionava o orfanato onde passou sua infância, fatos estranhos acontecem, unindo passado e futuro, para revelar uma tragédia ocorrida nesse lugar. Tudo acontece aos poucos, mas em um ritmo que mantém o espectador alerta o tempo todo. A história é boa, bem explicada e tem um bom desfecho.
O filme é dirigido por Juan Antonio Bayona e produzido por Guilhermo Del Toro (diretor do maravilhoso Labirinto do Fauno), e explora muito bem o mistério que envolve o orfanato e as crianças. Ótimas atuações de Belén Rueda como Laura e Geraldine Chaplin como a sensitiva paranormal.


Nota 9 /10

Wall-E

É notável a superioridade da Pixar em criar personagens com atitudes e emoções tão próximas às dos seres humanos. Depois do maravilhoso Ratatouille que venceu vários prêmios do cinema, entre eles o Oscar de melhor animação, a Pixar nos apresenta Wall-E, mais um grande filme, um dos melhores do ano até o momento.

Wall-E é um robô compactador de lixo que continua exercendo sua função mesmo 700 anos após a Terra ter sido abandonada devido à quantidade de lixo que tornou inviável a vida por aqui. Ele é o único “habitante” da Terra, e compensa sua solidão coletando do lixo coisas para si, que ele vai guardando em sua “casa”. Sua aventura começa quando uma nave espacial deixa no planeta um robô (Eva) para verificar se ainda há vida na Terra. Wall-E logo se apaixona por Eva e vislumbra o fim dos seus dias de solidão.

O que torna Wall-E tão especial é sua sensibilidade. Ele gosta de música, tenta dançar, e tudo o que mais quer é pegar na “mão” de Eva; e para isso ele não mede esforços. É muito comovente esse sentimento puro que ele possui. Em determinada cena do filme Eva assiste aos cuidados que Wall-E lhe prestou enquanto ela estava desativada. Essa cena é de chorar.

Outro ponto forte do filme é a representação dos seres humanos no ano 2700, vivendo em uma estação espacial enquanto não é possível retornar à Terra. São todos gordos, ociosos, consumistas e suas relações são basicamente virtuais. Eles também são, de certa forma, robotizados, já que suas poucas ações são ditadas pela propaganda. Eles possuem muito menos personalidade do que muitos dos robôs que por ali circulam. Uma triste projeção futurística para a raça humana. Se é que ela chegará ao ano 2700.

Durante uma boa parte da história, que na minha opinião é a melhor, Wall-E está sozinho em cena, e consegue, com muita competência, carregar toda trama tendo apenas um baratinha para se comunicar. Impossível evitar a comparação com Tom Hanks e a bola Wilson, em Náufrago e Will Smith e seu cão em Eu Sou a Lenda. A diferença básica é que Wall-E não é um ator, e nem mesmo a representação de um ser humano, ele é um robô. Sendo assim... ator para quê? Temo pelo futuro desses profissionais...

O curta de animação que abre Wall-E também é ótimo e hilário. As expressões e atitudes do coelho são muito divertidas. Muito bem feito.

Confesso que já espero ansiosa por uma nova produção da Pixar.

Nota 10!!

sábado, 28 de junho de 2008

Em DVD

O Gângster

Baseado em uma história real, esse filme do diretor Ridley Scott não apenas traça o perfil e a trajetória de um gângster americano que faz fortuna traficando heroína do Vietnã na época da guerra, mas também expõe toda uma rede de corrupção na polícia e no exército americanos, que se beneficiavam ao extorquir dinheiro do traficante. Com ótimas atuações, um roteiro sólido e envolvente e um final que não decepciona, temos o melhor filme policial desde Os Infiltrados.

Nota 9/10


Across the Universe

Esse filme conta com muitas coisas a seu favor: um bom elenco, um bom romance, consciência política, o nascimento do movimento hippie nos Estados Unidos, muita arte e uma trilha sonora que dispensa comentários. Qual o problema então? A falta de equilíbrio entre esses elementos. Os atores estão bem, mas em muitos casos soa muito falsa a cantoria. Em algumas cenas as coreografias são pertinentes ao tema e muito bem realizadas, enquanto em outras parecem completamente sem sentido, e ainda quebram o ritmo do filme. A direção de arte em muitos casos exagera. Ora a história te envolve, ora te dá sono. Na média, um bom filme.

Nota 7/10

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O Incrível Hulk



É, dá pra perceber que o novo Hulk está bem melhor que o anterior, mas mesmo assim... ainda dá pra melhorar bastante.


Dessa vez, Bruce Banner está escondido numa favela do Rio de Janeiro enquanto tenta descobrir, com ajuda do Dr. Azul, a cura para o mal que o transforma em um monstro verde toda vez que fica muito estressado. Quando ele é descoberto, as autoridades militares dos EUA invadem a favela à sua procura. Bruce escapa novamente e volta aos EUA, com objetivo de testar um antídoto desenvolvido pelo Dr. Azul que eliminaria a radiação de seu corpo. Além de ter que lutar contra o general Ross, que quer transformar seus poderes em arma, Bruce ainda tem que enfrentar o Abominável (Tim Roth), um combatente do exército que contamina o próprio corpo para adquirir poderes parecidos com os dele.


A primeira parte do filme, rodada na favela da Rocinha, com certeza é a pior. As cenas são previsíveis, clichês, mal feitas (salvo as imagens da favela, que ficaram ótimas) e nada convincentes. Exemplo: na fábrica onde trabalha, Bruce acaba se envolvendo em uma briga com marginais para proteger uma linda funcionária que eles estavam ameaçando. Os atores são péssimos e os personagens totalmente caricatos. Depois vem a cena dos agentes americanos invadindo a Rocinha atrás de Bruce. Mas como?? Como eles conseguiram subir o morro a bel prazer e ainda se virar tão bem por lá, como se conhecessem aquele emaranhado de casas e becos como a palma da mão? Será que estou querendo realidade demais para um filme de super-herói? Talvez... mas o fato é que essa primeira parte do filme acaba não convencendo, e se não convence, como posso apreciar? Também não entendi o retorno fácil do herói para os EUA, uma vez que ele é perseguido e vigiado por todo o setor de inteligência americana.


A história melhora quando Bruce vai, com ajuda da sua amada Betty Ross (Liv Tyler), ao encontro do Sr. Azul. As cenas aí se tornam mais interessantes e mais encadeadas, gerando uma boa seqüência de ação no terceiro ato.


Não posso deixar de ressaltar o mérito da atuação de Edward Norton e Tim Roth. O primeiro consegue caracterizar muito bem o protagonista da história, deixando claro o quanto aqueles poderes lhe fazem mal. Chega a ser comovente o período de depressão pelo qual ele passa quando retorna à condição de humano, depois de agir como monstro. Tim Roth, mesmo não tendo tempo na trama para desenvolver seu personagem, se sai muito bem com uma interpretação intensa o necessário para compreendermos sua ambição por força e poder.


Em filmes de super-heróis os efeitos especiais são quase sempre um show à parte, e Hulk não fica atrás. O próprio Hulk ficou muito real na telona. Quando mais calmo, ele reproduz os gestos e expressões de Bruce, o que diminui o distanciamento entre os dois, ficando mais fácil acreditar que eles são apenas um.


Outra coisa legal no filme é a interface com outras histórias da Marvel, especialmente com o Homem de Ferro, com direito a ponta de Tony Stark e a promessa implícita de um filme com vários heróis da Marvel.


Mas o enredo deixa a desejar. A história não é muito criativa e nem muito interessante. Não oferece surpresas. De qualquer forma, esse Hulk já evoluiu bastante em relação ao de 2003, e eu fico na torcida de que o próximo possa merecer uma nota melhor.

Nota 6/10.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

De volta a ativa

Os compromissos de final de semestre da faculdade acabaram me afastando das postagens aqui por quase dois meses... uma pena. Mas estou de volta, e no próximo semestre vou tentar ficar mais esperta pra não deixar as coisas tumultuarem.

De qualquer forma, vou fazer apanhado geral daquilo que assisti neste período em que estive ausente.

No cinema, assisti a Homem de Ferro e Antes que o Diabo Saiba que Você está Morto. Dois estilos bem diferentes, e os dois merecem uma nota 8, embora eu tenha gostado mais do segundo, já que o gênero me agrada mais.

Em DVD tive muitas decepções, provocadas por filmes como Leões e Cordeiros, Bubble, Coisas que Perdemos pelo Caminho, A Bússula de Ouro e Amor e Outros Desastres. Não sei qual é o pior.

Já os filmes nacionais a que assisti não me desagradaram, mas também não são láaaa essas coisas. São eles: Cão sem Dono, Sem Controle e É Proibido Proibir.

O único que eu gostei bastante foi o francês Propriedade Privada. A Espiã eu achei legalzinho, e os outros foram bem medianos: Stardust, O Vigarista do Ano e Medo da Verdade.

Quanto à Cannes, eu não vejo a hora dos filmes exibidos lá chegarem por aqui, mas sei que vai isso demorar... pelo menos os dois brasileiros (Cegueira e Linha de Passe) a gente ainda consegue ver esse ano. Tomara!! Achei o máximo a premiação da Sandra Corveloni.

Até mais!!

sábado, 17 de maio de 2008

Apenas Uma Vez

O projeto desse filme começou quando o diretor John Carney pediu a Glen Hassard para compor músicas que iriam servir de base para o roteiro de um filme. O resultado foi um musical lindo que conta uma suave e doce história de amor.

Uma imigrante que vive no subúrbio da Irlanda e um cantor de rua se conhecem e rapidamente descobrem afinidades musicais. Enquanto conversam sobre música, família e relacionamentos passados, nasce entre os dois uma amizade que se transforma em admiração e, enquanto se preparam para gravar um disco, um sentimento mais forte surge entre eles.

A história é mais simples do que se imagina. Não há intrigas, armações, brigas ou obstáculos a serem vencidos para que os dois possam ficar juntos. São apenas os dois, cada um com sua história de vida, seu passado e curtindo muito a companhia um do outro. Eles sequer chegam a se beijar, mas fica claro o desejo que sentem.

Não só o amor entre um homem e uma mulher é tema deste filme, mas também o amor à música. E também neste ponto o filme é bem realista. Por mais talento que o cantor tenha, nada indica que ele irá conseguir uma boa gravadora e que vá fazer sucesso. Mas ele vai tentar.

Os dois protagonistas demonstram seu amor pela música em situações cotidianas, como na cena em que ele canta pra ela a história de seu relacionamento passado, e na belíssima cena em que ela sai à noite para comprar pilhas e volta pra casa cantando a música que compôs, sem se importar com o fato de estar de pijamas e pantufas. Apenas a música para ela era importante naquele momento, ela estava completamente absorvida pela canção e nitidamente feliz.

Todos os personagens são muito cativantes, e uma fria Irlanda contrasta com os aconchegantes cenários fechados.

Este é um filme capaz de envolver completamente o espectador, pois as músicas são ótimas, as cenas são lindas e a história é comovente. Dá pena quando acaba. O Oscar de melhor canção com certeza foi muito pouco para Apenas uma Vez. Ele poderia muito bem estar concorrendo na categoria principal da premiação, pois é um grande filme.

Nota 10!!

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Os Reis da Rua

Um policial corajoso e durão que perdeu a esposa, corrupção entre policiais, intrigas, um carrão e muitas cenas de briga. Esses são os elementos básicos da maioria dos filmes policiais. Os Reis da Rua, de David Ayer, não foge à regra.

Logo nas primeiras cenas, o detetive Tom Ludlow, interpretado por Keanu Reeves, participa de uma ação onde ele sozinho extermina um grupo de seqüestradores. Em seguida entra em cena o capitão Jack Wander (Forest Whitaker), chefe do departamento do detetive Ludlow, e que ao longo da trama irá livrar o detetive de situações complicadas causadas por sua insubordinação às regras da polícia. Em um tiroteio, Ludlow é acusado de matar seu amigo e ex-parceiro na polícia. Movido pela vingança, ele sai em busca dos verdadeiros assassinos do seu amigo.

Mais eu não posso contar aqui, mas pouca coisa no filme nos causa surpresa. O desfecho é bem previsível. O mais legalzinho é a dinâmica entre Ludlow e um policial novato que entra em seu departamento. Entretanto, pode-se dizer que o filme é bem conduzido, pois, mesmo previsíveis, as cenas provocam uma expectativa em quem o assiste.

De maneira geral, todos os atores estão bem no papel, exceto a atriz que interpreta a esposa do policial assassinado. Seu personagem não é nada convincente. Ela tem expressões e ações que nada refletem a dor de uma recém-viúva. As cenas das quais ela participa soam incrivelmente artificiais.

Apesar de esquemático, o filme conta com boas atuações, boa edição e um dinamismo que o salva de ser aborrecido.


Nota 7/10

domingo, 20 de abril de 2008

Em DVD

Ligeiramente Bom

Em Ligeiramente Grávidos, Ben Stone, interpretado por Seth Rogen, é quem garante as melhores passagens do filme. Ele e seus amigos são divertidíssimos. Já a atriz Katherine Heigl, cumpre relativamente bem o desafio de ser divertida, mesmo representando o lado mais sério no relacionamento que tem com Ben. O tema da gravidez totalmente inesperada para um casal que mal se conhece é interessante e rende bons momentos, mas o filme erra ao estender demais o final, caindo o nível das piadas, e tendendo para um romancezinho bobo.

Nota 7/10

Para o Cinema, nada original

Baseado em uma história real, O Sobrevivente, longa do diretor Werner Herzog, narra a história de um piloto americano (Tenente Dieter Dengler, interpretado por Christian Bale) que é capturado por Vietcongs durante a guerra do Vietnã. Durante meses ele e outros prisioneiros são submetidos a torturas e condições precárias de vida. Quando consegue fugir da vigilância dos guerrilheiros, passa a lutar para sobreviver na selva, até que seja resgatado pelos americanos. É, sem dúvida, uma história cinematográfica, mas contada de forma não muito original. Tenho a impressão de que já vi esse filme antes. De qualquer forma, além se ser um registro histórico, vale como entretenimento.

Nota 6/10

Fantasia que funciona

A Lenda de Beuwolf é um épico com dragões, guerreiros, heróis, mitos e muita luta. Quanto à tal lenda, nada demais, mas o filme é salvo pelos artifícios mostrados na tela, que, com uma dose de mistério, consegue manter o interesse do espectador. Os efeitos especiais são muito bons na maior parte do tempo, assim como a fotografia e as seqüências de ação.

Nota 8/10

No mínimo diferente

O Grande Chefe não é uma daquelas comédias que te mata de rir. Esse filme de Lars Von Trier tem um humor sofisticado, com piadas sugeridas, às quais vamos lentamente nos adaptando ao longo da projeção. Mas o tema, sem dúvida, é ótimo. Ravn, dono de uma empresa, esconde a sua verdadeira identidade dos funcionários para ganhar deles confiança e amizade. Quando decide vender a empresa, e com isso demitir a todos e se apropriar da criação dos subordinados, contrata um ator para ser fazer passar pelo “Grande Chefe” da empresa. Inicialmente ingênuo, esse ator, à medida que vai compreendendo o mal caráter de Ravn, começa a assumir para valer o papel de chefe. Ele tem no final o seu grande momento, que é também um ótimo e inesperado fechamento para a história.

Nota 8/10



sábado, 12 de abril de 2008

Persépolis

Essa maravilhosa animação da escritora Marjane Satrapi é baseada em seus quadrinhos autobiográficos. É ela quem assina, junto a Vincent Paronnaud, o roteiro e a direção.

O filme conta a história recente do Irã (a partir da década de 70), apoiado na trajetória de Marjane, uma menina iraniana nascida em uma família que é contra o regime ditador do xá, a Nova República Islâmica e a rigidez cultural imposta no país. Desde pequena, Marjane adora escutar sobre a história do Irã, e revela um precoce amadurecimento político, mas de forma bem leve. Marjane é muito alegre e divertida na sua infância, traços que irá perder quando o regime se tornar extremamente limitador, a ponto de seus pais a mandarem para fora do país.

Longe de casa e dos pais, Marjane passa por novas experiências, algumas boas, e outras bem ruins. Apesar de poder ter livre acesso a tudo que a cultura ocidental oferece, e que de certa forma a fascina, Marjane não consegue se adaptar bem, e acaba voltando para o seu país. Além de ter voltado diferente depois de todas as experiências por que passou na Europa, Marjane ainda encontra um Irã bem diferente daquele que deixou três anos antes, e isso faz com que ela se sinta estrangeira também em sua pátria.

O longa nos apresenta uma história muito realista, não só pelo caráter histórico, mas pelas experiências vividas pela protagonista, que são contadas de forma muito inteligente, surpreendente e divertida. É hilária a cena em que descobrimos que, enquanto apaixonada, ela tinha uma visão totalmente idealizada do seu namorado. E é o acontece na realidade...

Em preto e branco, essa animação apresenta um lindo trabalho artístico, com personagens expressivos e cenários simples, o suficiente para garantir uma perfeita contextualização da história. Os planos são alternados de maneira bastante eficiente, conferindo grande dinamismo às cenas.

Os personagens criados são marcantes por possuírem forte personalidade, uma vasta cultura e visão política.

É um filme que diverte, ensina e faz bonito na telona.

Nota 10!

sábado, 5 de abril de 2008

Em DVD

Clichê em formato musical

O musical Hairspray apresenta John Travolta (ótimo) dançando e cantando no papel de uma mãe gorda nos anos 60. As músicas são alegres, dançantes e super alto-astral. O tema sobre a valorização do diferente e a luta contra a segregação racial é relevante. Mas a história não podia ser mais mal-contada. Muito previsível e com clichês do início ao fim.

Nota 6/10

Final estraga-prazer

Em Valente, Jodie Foster interpreta Erica Bain uma mulher que sobrevive a um espancamento e se torna uma pessoa insegura, mas disposta a fazer justiça. De posse de uma arma, ela mata bandidos ao mesmo tempo em que estabelece uma amizade com o tira (Mercer, interpretado por terrence Howard) que a está procurando. Jodie Foster constrói impecavelmente seu personagem. A trama é boa, e prende a atenção do espectador. Mas o final jogou fora tudo que foi tão bem desenvolvido até então. Não pela decisão do tira de proteger Erica Bain, mas pelas amarrações mal-feitas, que não conseguem sustentar os planos do policial.

Apesar do final, eu gostei do filme, e acho que ele merecia ter sido lançado no cinema, e não direto em DVD. Tem filme muito pior por aí que acaba sendo exibido em 300 salas do país...

Nota 8/10

Tiro certo de Andrew Dominik

O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford é um excelente western do diretor Andrew Dominik, lançado no Brasil no ano passado. Apresenta uma bela fotografia e um ritmo perfeito para o desenvolvimento do tenso jogo psicológico que envolve os personagens. Mesmo quando acaba esse jogo, o diretor não termina o filme, mas explora as conseqüências que o próprio Robert Ford sofre pelo seu ato covarde. A atuação de Casey Affleck é brilhante. Ele desenvolve com méritos um personagem que mescla admiração e ressentimento pelo bandido Jesse James.

Nota 10!

Cenas de uma ditadura

Baseada em depoimentos reais, a produção argentina Crônica de uma Fuga revela os meses de tortura a que vários acusados de participarem da luta armada foram submetidos durante o auge da ditadura argentina, na década de 70. Isolados em uma mansão, eles passam por todo tipo de humilhação e tortura, procedimentos característicos desse regime durante este período da história, não apenas na Argentina. Batismo de Sangue, do cineasta mineiro Helvécio Ratton, revela fatos semelhante ocorridos no Brasil, no mesmo período.

Crônica de uma Fuga foca na degradação física e mental dos acusados, que sufocados pelo medo e maus tratos, lutam para sobreviver e não perder a saúde mental.

Nota 8/10


sábado, 22 de março de 2008

Não Estou Lá


Todd Haynes não usou apenas um ator para interpretar Bob Dylan na telona e nem deu apenas um nome ao seu personagem. São seis atores, de várias idades, raças e até sexo, que ele usou para compor um personagem que refletisse a complexidade e diversidade de um dos ícones da música no mundo.

Mais do que fatos ocorridos na vida de Bob Dylan, o filme busca retratar os sentimentos do cantor, seus pensamentos e emoções. E tudo isso, de forma absolutamente bela. Bela nos diálogos poéticos, nas interpretações marcantes dos atores e no trabalho artístico, sem contar com as maravilhosas canções de Dylan que nos envolve durante as duas horas da sessão. Isso é Arte.
Essa é uma cinebiografia completamente diferente de qualquer outra que já vi. A própria estrutura do filme é plural. São vários atores e vários nomes para o mesmo personagem, algumas cenas em preto-e-branco e outras não, cenários completamente distintos. As fases da vida do cantor não são retratadas de forma linear e não seguem um padrão. Em determinados momentos, Dylan é um menino sonhador que viaja em um trem, em outros, ele é um velho que mora uma pequena cidade condenada ao desaparecimento, em outros ele está contando sua história a alguém, e por aí vai. Mas em momento algum temos dúvida de que todos são um só.

Algumas cenas do longa são como fragmentos de um documentário. Mas mesmo as pessoas que dão depoimentos, contando fatos da vida do artista, são atores. As fotos que mostram para ilustrar os casos contados não são de Bob Dylan, mas do ator que o interpreta. Muito interessante.

Todos os atores, cada um à sua maneira, fazem muito bem o papel de Bob Dylan, deixando transparecer a liberdade, criatividade e força do cantor. O já falecido Heath Ledger faz mais um ótimo trabalho, e Cate Blanchett, como já disseram por aí, interpreta Dylan melhor do que ele mesmo. Mas fiquei tocada mesmo foi com a sensibilidade e competência do jovem Marcus Carl Franklin.

Enfim, um filme maravilhoso, inteligente, inusitado, repleto de boas de surpresas e extremamente agradável de assistir.

Nota 9

Em DVD

O Fino do Trash

Planeta Terror é um longa trash produzido por Robert Rodriguez e Quentim Tarantino. O filme é repleto de referências aos clássicos filmes trash das décadas de 70 e 80, a começar pela própria imagem, que apresenta aqueles “chuviscos”, dando a impressão de filme antigo e de baixo orçamento. Não faltam zumbis devoradores de cérebros, humor negro, e personagens completamente loucos. O próprio Tarantino interpreta um deles. Mas destaque mesmo é a perna-metralhadora da dançarina Cherry.

Esse longa faz parte do projeto Grindhouse, que inclui outro filme: À Prova de Morte, dirigido por Tarantino, e que ainda não estreou por aqui.

Quem gosta desse gênero, vai delirar com Planeta Terror. Nota 8.

Filme ou Novela?

Baseado no livro homônimo de Eça de Queiroz, Daniel Filho nos apresenta O Primo Basílio, filme que conta a história de uma esposa infiel que tem seu relacionamento extra-conjugal descoberto pela empregada. Essa, de posse do segredo da patroa, começa a chantageá-la até levá-la à loucura. História interessante, mas que assume um tom novelístico (o que eu já esperava, considerando a experiência do diretor em televisão), explorando pouco os personagens e o potencial dramático do texto. Nota 6.

sábado, 8 de março de 2008

Filmes em DVD assistidos em Fevereiro

Garçonete
Simplesmente adorável essa comédia romântica. É um mergulho no mundo feminino, com diálogos tão possíveis e bem realizados, que torna fácil se ver em alguma das situações apresentadas, ou mesmo em várias. Combinando drama, comédia e romance na medida certa, o filme se aproxima muito do cotidiano. Sem clichês e com uma atuação muito natural da atriz Keri Russel, esse filme superou minhas expectativas. Nota 10!

O Vigia
Drama morno sobre um jovem que provoca acidentalmente a morte de dois amigos, e passa a lidar com problemas psicológicos decorrentes da culpa e dos danos físicos que o acidente provocou. Tentando levar uma vida normal, acaba se envolvendo com um grupo que planeja um assalto ao banco onde trabalha. Personagens estereotipados e diálogos chatos e pretensiosos. Suspense para adolescente. Nota 5/10


1408
Era para ser um filme de terror? Me lembrou Jumanji, aquele filme infantil com Robin Williams e Kirsten Dunst, e que é bem melhor do que esse 1408. Dentro de um quarto amaldiçoado de um hotel, fulano, um escritor de livros sobre lugares mal assombrados, é atormentado por situações ridículas que o próprio quarto cria, por exemplo: o rádio liga sozinho, a TV mostra cenas da vida pessoal do personagem, a temperatura abaixa, aparecem uns fantasmas de pessoas que morreram no quarto, a parede trinca, sua filha morta reaparece, etc. Filminho fraquinho, tadinho... Nota 4/10

Baixio das Bestas
Esse longa de Cláudio Assis nos apresenta sem dó uma realidade de descaso da sociedade com situações desumanas, mas que se tornam cada vez mais banalizadas, como a prostituição infantil e a vida sem limites de playboys que não se importam com ninguém. O filme apresenta um bom conteúdo, boa fotografia, cenas fortes e personagens interessantes, mas a história poderia ter sido mais bem explorada e mais conectada com as subtramas. Nota 7/10

O invisível

Suspense fraco com adolescentes idiotas. Sem graça e sem a menor originalidade. Péssimos atores. Só de lembrar eu começo a rir da cena em que um passarinho morre. Era pra ser uma cena trágica e reveladora, mas o diretor a transformou em uma passagem ridícula.

Nota 3/10

O Despertar de Uma Paixão

Recém casados e quase estranhos um para o outro, Walter e Kitty se mudam para a China. Ele um marido apaixonado, ela uma esposa infiel. Em meio a uma epidemia de cólera, o casal tem a chance de amadurecer e se conhecer de verdade. O fato de se passar na China é o que torna esse filme mais interessante. Ok, a história não é ruim, mas tudo no filme é previsível. As atuações são boas, o roteiro é consistente, e só. Bom filme para assistir em casa, esparramada no sofá num dia de muita preguiça. Nota 8/10.

Transylvania

Parece que esse filme foi concebido apenas para exaltar a cultura romena (especialmente a música), suas paisagens e a estranha beleza da atriz Asia Argento. Foi muito bem até sua metade. Depois tornou-se repetitivo e cansativo. Nota 6/10


domingo, 2 de março de 2008

Jogos do Poder

Charlie Wilson (Tom Hanks) é um congressista americano no período da Guerra Fria. Após conhecer a miserável situação dos afegãos que vivem na fronteira entre Paquistão e Afeganistão e que lutam com ampla desvantagem contra o comunismo soviético, Charlie passa a dedicar seu trabalho a arrecadar fundos do governo norte-americano para armar os afegãos.

Charlie Wilson até então era um político sem expressão, mas bem relacionado. Com uma vida boa, regada de mordomias, bebidas e lindas mulheres, Charlie concentrava seus esforços em campanhas de reeleição para manter-se no cargo, o que fazia com sucesso. Representa bem a postura americana durante a Guerra Fria. Enquanto milhares de pessoas (fora dos EUA, é claro...) morriam massacradas pelo exército soviético, os Estados Unidos apenas mantinha a guerra fria, fornecendo uma ajuda mínima para esses países que pagavam com a vida de seus cidadãos o preço da guerra entre comunistas e capitalistas.

Primeiramente é a rica, elegante e liberal Joanne Herring (Julia Roberts), uma socialite empenhada na causa Afegã, que faz Charles conhecer a situação real do Afeganistão. Sem entender muito bem a posição do governo americano quanto a essa questão, Charlie recebe o apoio do agente da CIA Gust Avrakotos (Philip Seymour Hoffman). Este é outro que o pressiona a abraçar a causa. Daí em diante, o que vemos é o amadurecimento político do congressista, que, manipulando muito bem seus contatos americanos e estrangeiros, parte de uma verba inicial do governo de cinco milhões de dólares e consegue chegar à quantia de um bilhão de dólares para investir em armas para afegãos e paquistãos.

O filme funciona bem como crítica à ação dos Estados Unidos durante e após a guerra, quando resiste em ajudar a reconstruir os países que lutaram contra os russos. Por outro lado, a história não é bem conduzida.

Boa parte do filme é concentrada na construção do personagem de Tom Hanks, mas o resultado não é convincente. Apesar de sua luta por uma boa causa, o personagem não consegue comover, de forma que soa bastante falsa a cena em que ele recebe a homenagem. Aliás, essa se torna uma típica cena para exaltar um herói americano, com os outros personagens aplaudindo emocionados ao grande salvador do mundo.

As cenas no acampamento de refugiados afegãos foram muito pobres e mal feitas. Muito difícil de acreditar no que estava sendo mostrado, parecia tudo cenário mesmo e com atores de quinta. As cenas que mostram afegãos acertando helicópteros russos então, nem se fala...

Apesar da boa e relevante trama política, o filme deixa a desejar em aspectos técnicos.

Nota 7/10.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet


Até mais ou menos metade do filme eu não achei que ele seria tão demoníaco assim... talvez por se tratar de um musical e por apresentar boa dose de humor. Mas não só por isso. O personagem de Todd é amargo, ressentido e vingativo, mas também ama, e sofre muito por isso. Algo meio parecido com os apaixonados e malvados vampiros. Mas o filme vai se revelando e vai aumentando o banho de sangue, contrastando com os cenários sombrios do filme.

Com uma excelente direção de arte, esse musical dirigido por Tim Burton nos leva a uma Londres fria e sombria, onde quinze anos antes um importante juiz mandou prender um barbeiro para ficar com sua esposa. Essa mulher se envenena e o juiz acaba criando a filha do casal, com quem pretende se casar. Sweeney Todd (Johnny Depp), o barbeiro, volta a Londres para se vingar. Bastava ele matar um homem para sua vingança ser completa, mas como nem tudo corre conforme o planejado, Todd, incentivado pela confeiteira Sra. Lovett (Helena Bonham Carter), acaba matando vários homens.

É simplemente macabra a forma como ele mata e esconde os corpos. Pior ainda o que faz a confeiteira com eles. Absolutamente repulsiva a cena do porão, quando um menino descobre o segredo de Todd e Sra. Lovett. Essa se revela a pior vilã da história, agindo de forma fria e altamente prática para ganhar o amor do barbeiro. Outro contraste entre amor e maldade aparece em uma cena em que o barbeiro canta uma canção de amor para sua filha enquanto corta com a lâmina de barbear o pescoço de vários homens. Sua obssessão por matar torna-o cego, a ponto de se deixar conduzir pela Sra. Lovett e já não reparar em quem mata, e isso irá culminar em um final trágico.

Não é a primeira vez que Johnny Depp atua em um filme de Tim Burton. Os dois trabalharam juntos em vários outros filmes, como Edward Mãos-de-Tesoura. A pareceria foi novamente um sucesso. Nessa adaptação da peça homônima da Broadway, Johnny Depp brilhou, o que lhe rendeu uma indicação ao Oscar. Mas quem realmente me chamou mais a atenção e estava muito à vontade em seu papel, foi Helena Bonham Carter, esposa de Tim Burton. As participações de Sacha Baron Coen, Alan Rickman e Timothy Spall também foram notáveis.

É um musical muito agradável de se assistir. As músicas são ótimas e não muito longas. As coreografias são poucas e contidas para não afetar o clima pesado e frio dos personagens e da história.

Nessa mistura de musical, humor negro e terror, Tim Burton mais uma vez nos oferece entretenimento de alta qualidade.

Nota 10!