quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Independent Spirit Awards
Destaque para I´m not There, de Todd Haynes, que recebeu 4 indicações e já é o vencedor do primeiro Robert Altman Award, prêmio instituído em homenagem ao diretor norte-americano morto em 20 de novembro de 2006.
Ainda não posso torcer por nenhum, pois não assisti a nenhumas das produções aqui citadas... :-(
Indicados Melhor Filme:
I´m not There
O Escafandro e a Borboleta
Juno
O Preço da Coragem
Paranoid park
Indicados Melhor Diretor:
Todd Haynes (I´m not There)
Tamara Jenkins (The Savages)
Jason Reitman (Juno)
Julian Schnabel (O Escafandro e a Borboleta)
Gus Van Sant (Paranoid Park)
Indicados Melhor Ator:
Pedro Castaneda (August Evening)
Don Cheadle (Talk to Me)
Philip Seymour Hoffman (The Savages)
Frank Langella (Starting Out in the Evening)
Tony Leung (Lust, Caution)
Indicados Melhor Atriz:
Angelina Jolie (O Poder da Coragem)
Sienna Miller (Entrevista)
Ellen Page (Juno)
Parker Posey (Broken English)
Tang Wei (Lust, Caution)
Indicados Melhor Ator Coadjuvante:
Chiwetel Ejiofor (Talk to Me)
Marcus Carl Franklin (I´m not There)
Kene Holliday (Great World of Sound)
Steve Zahn (O Sobrevivente)
Irfan Khan (Nome de Família)
Indicados Melhor Atriz Coadjuvante:
Cate Blanchett (I´m not there)
Anna Kendrick (Rocket Science)
Jennifer Jason Leigh (Margot at the Wedding)
Tamara Podemski (Four Sheets to the wind)
Marisa Tomei (Antes que o Diabo Saiba que Você está Morto)
Indicados Melhor Filme Estrangeiro:
4 meses, 3 semanas e 2 dias (Romênia)
Lady Chatterley (França)
Once (Irlanda)
The Band´s Visit (Israel)
Persépolis (França)
domingo, 25 de novembro de 2007
Mutum
Baseado em um romance de Guimarães Rosa, Mutum retrata com muita fidelidade o cotidiano da vida pobre no sertão. É notável o capricho da estreante diretora Sandra Kogut nos detalhes dos cenários e no andamento do filme, que imita o ritmo daquela vida rotineira, lenta e sofrida.
A história é bastante simples, e não é novidade alguma para nós brasileiros a pobreza em que vivem as famílias no sertão, muitas vezes isoladas em seus ranchos. Sabemos sobre o árduo e mal recompensado trabalho na roça, a exploração do trabalho infantil, a violência doméstica, as más condições de alimentação, higiene e saúde, etc. Mas este filme vai muito além disso, porque ele é carregado de emoção.
O personagem principal do filme, Tiago, é um menino extremente sensível, e como toda criança, tem seus sonhos e medos. Tiago não enxerga muito bem com os olhos, mas percebe como ninguém a carência presente em cada pessoa com quem convive. Seu sentimentalismo e sua bondade toca a todos, tornado-o especial.
Lembro-me que quando li esta história Guimarães Rosa, há muitos anos, o trecho que mais me comoveu foi aquele em que Miguilim experimenta uns óculos e passa a enxergar com nitidez muitas coisas que ele não conseguia ver, e como ele não sabia da sua deficiência, acreditava que o mundo era daquele jeito mesmo. Assistindo ao filme, a emoção foi a mesma, trata-se de uma cena memorável e que traz seu simbolismo. Depois dessa experiência, Tiago decide deixar o lugar onde vive para ver mais coisas e ir além.
Curiosidade: todas as crianças do filme são atores não profissionais, experiência que também já foi bem sucedida em outros filmes, como Central do Brasil e O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias.
Nota 8
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
A Culpa é do Fidel!
O interessante do filme é que ele mostra a visão de uma criança de 9 anos, Anna (Nina Kervel-Bey), que, convivendo com pais comunistas, estudando em colégio de freiras e sendo influenciada por outros familiares que condenam o comunismo, fica completamente confusa, sem saber de que lado ficar.
É perfeitamente compreensível que a criança coloque a culpa no Fidel. Afinal, ela tinha uma vida confortável em Paris, morando em uma casa com jardim, estudando em colégio de freiras, fazendo aulas de catecismo e, principalmente, tendo a atenção constante dos pais. De uma hora para outra seus pais viajam para o Chile para ajudar na campanha de Salvador Allende, deixando-a com a empregada (uma refugiada cubana). Quando seus pais voltam, eles se mudam para um apartamento menor, demitem a empregada cubana, impedem que ela assista às aulas de catecismo e a casa passa a ser frequentada por vários ativistas “barbudos”.
Na medida do possível, os pais de Anna tentam fazê-la compreender a importância do trabalho em que eles estão empenhados. O que eles não entendem é que Anna é uma menina precoce (onde Nina Kervel-Bey se revela uma ótima atriz), e que as meias explicações que eles dão a deixam confusa e não a satisfaz. Isso agrava a situação, fazendo-a a princípio, gostar menos dos comunistas. Mas com o tempo, e graças as sua própria inteligência e persistência, ela acaba por compreender que trata-se de uma forma diferente de viver, mais racional e mais justa. Mesmo com esse amadurecimento, Anna ainda encontra dificuldade de se posicionar no mundo, como mostra a última cena do filme.
Em meio a esse ambiente, o filme também contém cenas divertidas, que retratam exatamente uma visão infantil da situação e tornam o filme mais leve. Anna tem medo das novas amigas da mãe, que se vestem como ciganas, confunde conceitos como solidariedade e maioria, provoca os barbudos (comunistas) tentando fazê-los entender que o bom é comprar, vender, ter lucro e economizar, etc.
O filme da diretora Julie Gavras acerta no ritmo, na dose de humor, na ambientação, no figurino, na temática, e principalmente na atriz mirim.
sábado, 3 de novembro de 2007
O Passado
Divórcio realmente nunca é fácil, mesmo quando parece ser de comum acordo, ou pelo menos quando a pessoa que é deixada aceita o fato de maneira amigável, que é o caso mostrado por este filme de Hector Babenco.
Rímini, interpretado por Gael García Bernal, se separa da esposa, com quem viveu 12 anos, e com quem começou a namorar ainda na adolescência. Assim que se separa de Sofia (Analía Couceyro), ele começa a evitá-la, enquanto ela sente grande dificuldade de desvincular sua vida da dele. O ciúme de Sofia aumenta à medida que Rímini começa a namorar outras mulheres, e então ela passa a criar situações embaraçosas para seu ex-marido, sempre prejudicando suas novas relações.
O Filme começa focando bem o momento da separação do casal, onde eles têm que fazer a divisão de tudo aquilo que compraram juntos, obrigando-os a relembrar momentos de intimidade. Sobre este momento cabe uma discussão sobre as diferenças entre as atitudes masculinas e femininas na relação amorosa. Enquanto Sofia insiste para que Rímini a ajude a decidir com quem fica cada coisa, principalmente as fotos, ele se mostra disposto a abrir mão de quase tudo, demonstrando que dá muito menos valor do que ela ao passado que tiveram juntos.
O filme vai muito bem até atingir seu auge, quando sofia comete a maior de suas loucuras, que leva Rímini a uma profunda depressão. A partir daí o ritmo do filme se torna lento e perde o foco da questão do divórcio, desenvolvendo muito mais o personagem de Gael, enquanto que Sofia parece que se sequer trocou de roupa. Ela aparece já na última parte do filme, com um plano para reconquistá-lo.
Algumas cenas do filme me pareceram bastante forçadas, como a da modelo na rua vestida apenas com lingerie e esbravejando com o namorado pelo telefone, e a cena do atropelamento da mesma, já que isso não foi posteriormente explorado. Por outro lado, o filme contém muitas cenas de sexo envolvendo Rímini, que acho bem apropriadas, já que claramente o filme enfatiza a visão masculina. Prova disso é que o homem é tratado como vítima e a mulher (ou as mulheres) como bruxa.
O filme é bom, mas a última parte ficou realmente prejudicada, deixando a desejar.
Nota 7
Time - O Amor Contra a Passagem do Tempo
Neste filme, uma jovem acredita que seu relacionamento com o namorado está abalado e resolve transformar todo seu corpo com cirurgias plásticas, buscando se tornar uma mulher diferente e mais atrativa para reconquistá-lo.
Logo no início do filme, aparecem cenas reais de cirugias plásticas, que mais parecem filme de terror, de tão agressivas que são para o corpo humano. Embora chocantes, as cenas não fazem See-hee desitir da cirurgia que levará seis meses para mostrar resultado. Essa é uma realidade cada vez mais comum no mundo todo, onde milhares de homens e mulheres se submetem a cirugias, que muitas vezes são arriscadas, apenas para melhorar sua aparência.
O diretor trabalha fortemente a questão da identidade. Imagino como seria olhar no espelho e ver um outro rosto diferente do que estou acostumado. Isso implicaria numa mudança de atitude? Talvez... assim como ocorre quando nos vestimos para uma ocasião formal e informal. São situações em que agimos de maneiras diferente. Mas e quanto ao caráter e a personalidade? Mudar a aparência pode significar melhoria de auto-estima, mas não vai corrigir os defeitos nem alterar nossas qualidades.
O filme em questão vai além disso, já que a cirurgia foi feita para reconquistar o amor de um homem que gostava dela da maneira como ela era, com seus defeitos e qualidades. Ao perceber isso, a jovem See-hee começa a sentir ciúmes da mulher que era antes. Neste ponto do filme, o diretor brinca de maneira brilhante com uma máscara, e dá início a um jogo de busca ao verdadeiro, quando o namorado de See-hee também resolve fazer uma cirurgia. Ela beira a loucura tentando encontrar o novo homem no qual seu namorado se transformou, e aí fica claro que não importa a aparência, o que ela procura é simplesmente uma mão que encaixe perfeitamente na dela...
O filme apresenta um brilhante trabalho artístico, o que já é uma marca dos filmes coreanos, e, ao contrário dos outros já citados filmes de Kim Ki-Duk, este é repleto de diálogos.
Nota 10!