domingo, 20 de abril de 2008

Em DVD

Ligeiramente Bom

Em Ligeiramente Grávidos, Ben Stone, interpretado por Seth Rogen, é quem garante as melhores passagens do filme. Ele e seus amigos são divertidíssimos. Já a atriz Katherine Heigl, cumpre relativamente bem o desafio de ser divertida, mesmo representando o lado mais sério no relacionamento que tem com Ben. O tema da gravidez totalmente inesperada para um casal que mal se conhece é interessante e rende bons momentos, mas o filme erra ao estender demais o final, caindo o nível das piadas, e tendendo para um romancezinho bobo.

Nota 7/10

Para o Cinema, nada original

Baseado em uma história real, O Sobrevivente, longa do diretor Werner Herzog, narra a história de um piloto americano (Tenente Dieter Dengler, interpretado por Christian Bale) que é capturado por Vietcongs durante a guerra do Vietnã. Durante meses ele e outros prisioneiros são submetidos a torturas e condições precárias de vida. Quando consegue fugir da vigilância dos guerrilheiros, passa a lutar para sobreviver na selva, até que seja resgatado pelos americanos. É, sem dúvida, uma história cinematográfica, mas contada de forma não muito original. Tenho a impressão de que já vi esse filme antes. De qualquer forma, além se ser um registro histórico, vale como entretenimento.

Nota 6/10

Fantasia que funciona

A Lenda de Beuwolf é um épico com dragões, guerreiros, heróis, mitos e muita luta. Quanto à tal lenda, nada demais, mas o filme é salvo pelos artifícios mostrados na tela, que, com uma dose de mistério, consegue manter o interesse do espectador. Os efeitos especiais são muito bons na maior parte do tempo, assim como a fotografia e as seqüências de ação.

Nota 8/10

No mínimo diferente

O Grande Chefe não é uma daquelas comédias que te mata de rir. Esse filme de Lars Von Trier tem um humor sofisticado, com piadas sugeridas, às quais vamos lentamente nos adaptando ao longo da projeção. Mas o tema, sem dúvida, é ótimo. Ravn, dono de uma empresa, esconde a sua verdadeira identidade dos funcionários para ganhar deles confiança e amizade. Quando decide vender a empresa, e com isso demitir a todos e se apropriar da criação dos subordinados, contrata um ator para ser fazer passar pelo “Grande Chefe” da empresa. Inicialmente ingênuo, esse ator, à medida que vai compreendendo o mal caráter de Ravn, começa a assumir para valer o papel de chefe. Ele tem no final o seu grande momento, que é também um ótimo e inesperado fechamento para a história.

Nota 8/10



sábado, 12 de abril de 2008

Persépolis

Essa maravilhosa animação da escritora Marjane Satrapi é baseada em seus quadrinhos autobiográficos. É ela quem assina, junto a Vincent Paronnaud, o roteiro e a direção.

O filme conta a história recente do Irã (a partir da década de 70), apoiado na trajetória de Marjane, uma menina iraniana nascida em uma família que é contra o regime ditador do xá, a Nova República Islâmica e a rigidez cultural imposta no país. Desde pequena, Marjane adora escutar sobre a história do Irã, e revela um precoce amadurecimento político, mas de forma bem leve. Marjane é muito alegre e divertida na sua infância, traços que irá perder quando o regime se tornar extremamente limitador, a ponto de seus pais a mandarem para fora do país.

Longe de casa e dos pais, Marjane passa por novas experiências, algumas boas, e outras bem ruins. Apesar de poder ter livre acesso a tudo que a cultura ocidental oferece, e que de certa forma a fascina, Marjane não consegue se adaptar bem, e acaba voltando para o seu país. Além de ter voltado diferente depois de todas as experiências por que passou na Europa, Marjane ainda encontra um Irã bem diferente daquele que deixou três anos antes, e isso faz com que ela se sinta estrangeira também em sua pátria.

O longa nos apresenta uma história muito realista, não só pelo caráter histórico, mas pelas experiências vividas pela protagonista, que são contadas de forma muito inteligente, surpreendente e divertida. É hilária a cena em que descobrimos que, enquanto apaixonada, ela tinha uma visão totalmente idealizada do seu namorado. E é o acontece na realidade...

Em preto e branco, essa animação apresenta um lindo trabalho artístico, com personagens expressivos e cenários simples, o suficiente para garantir uma perfeita contextualização da história. Os planos são alternados de maneira bastante eficiente, conferindo grande dinamismo às cenas.

Os personagens criados são marcantes por possuírem forte personalidade, uma vasta cultura e visão política.

É um filme que diverte, ensina e faz bonito na telona.

Nota 10!

sábado, 5 de abril de 2008

Em DVD

Clichê em formato musical

O musical Hairspray apresenta John Travolta (ótimo) dançando e cantando no papel de uma mãe gorda nos anos 60. As músicas são alegres, dançantes e super alto-astral. O tema sobre a valorização do diferente e a luta contra a segregação racial é relevante. Mas a história não podia ser mais mal-contada. Muito previsível e com clichês do início ao fim.

Nota 6/10

Final estraga-prazer

Em Valente, Jodie Foster interpreta Erica Bain uma mulher que sobrevive a um espancamento e se torna uma pessoa insegura, mas disposta a fazer justiça. De posse de uma arma, ela mata bandidos ao mesmo tempo em que estabelece uma amizade com o tira (Mercer, interpretado por terrence Howard) que a está procurando. Jodie Foster constrói impecavelmente seu personagem. A trama é boa, e prende a atenção do espectador. Mas o final jogou fora tudo que foi tão bem desenvolvido até então. Não pela decisão do tira de proteger Erica Bain, mas pelas amarrações mal-feitas, que não conseguem sustentar os planos do policial.

Apesar do final, eu gostei do filme, e acho que ele merecia ter sido lançado no cinema, e não direto em DVD. Tem filme muito pior por aí que acaba sendo exibido em 300 salas do país...

Nota 8/10

Tiro certo de Andrew Dominik

O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford é um excelente western do diretor Andrew Dominik, lançado no Brasil no ano passado. Apresenta uma bela fotografia e um ritmo perfeito para o desenvolvimento do tenso jogo psicológico que envolve os personagens. Mesmo quando acaba esse jogo, o diretor não termina o filme, mas explora as conseqüências que o próprio Robert Ford sofre pelo seu ato covarde. A atuação de Casey Affleck é brilhante. Ele desenvolve com méritos um personagem que mescla admiração e ressentimento pelo bandido Jesse James.

Nota 10!

Cenas de uma ditadura

Baseada em depoimentos reais, a produção argentina Crônica de uma Fuga revela os meses de tortura a que vários acusados de participarem da luta armada foram submetidos durante o auge da ditadura argentina, na década de 70. Isolados em uma mansão, eles passam por todo tipo de humilhação e tortura, procedimentos característicos desse regime durante este período da história, não apenas na Argentina. Batismo de Sangue, do cineasta mineiro Helvécio Ratton, revela fatos semelhante ocorridos no Brasil, no mesmo período.

Crônica de uma Fuga foca na degradação física e mental dos acusados, que sufocados pelo medo e maus tratos, lutam para sobreviver e não perder a saúde mental.

Nota 8/10