terça-feira, 29 de julho de 2008

Em DVD

A Família Savage

Comédia dramática que superou minhas expectativas. Laura Linney e Philip Hoffman Seymour (dois grandes talentos) apresentam em tela uma ótima interação, garantindo a dose certa de humor e drama para esse filme. A trama gira em torno de dois irmãos que, cada um com sua vida bem independente do outro, são obrigados a conviver por um tempo enquanto cuidam do pai que está na fase final de sua vida. O filme explora tanto os dramas individuais dos personagens como as relações familiares que os envolve e ainda consegue extrair humor de situações muito dramáticas. Um filme inteligente, divertido e emocionante.

Nota 10!




Paranoid Park

Com uma estrutura parecida com a do filme Elefante, Gus Van Sant nos oferece mais uma vez uma maravilhosa experiência musical e visual, ao mesmo tempo em que conta a história de um adolescente que, por acidente, comete um crime. Dessa vez o cenário onde tudo acontece é o Paranoid Park em NY, ponto de encontro de skatistas radicais.

Nota 9




Filmes de Guerra

Na última semana assisti a três dos mais populares filmes de guerra americanos: O Resgate do Soldado Ryan (1998, dirigido por Steven Spielberg), Lágrimas do Sol (2003, dirigido por Antoine Fuqua) e Falcão Negro em Perigo (2001, dirigido por Ridley Scott).

O primeiro é sem dúvida o mais inteligente e bem realizado. Ele conta com um elenco bem preparado, uma ótima direção, cenários e situações que revelam um verdadeiro clima de guerra. O filme foca não somente em cenas de ação, mas também no drama dos personagens que passam o tempo todo lutando pra manter sua integridade física e mental, enquanto buscam motivação pra arriscar suas vidas para o resgate de um mero soldado. Pela boa qualidade do filme, ganhou cinco Oscars.

Já Lágrimas do Sol é péssimo. A começar por esse título dramático. Bruce Willis interpreta o Tenente Waters, responsável por resgatar a Dr. Lena, uma médica americana que realiza trabalho voluntário em um acampamento na Nigéria , antes que grupos guerrilheiros cheguem ao local. Mas ela não aceita salvar apenas sua vida e exige que o Tenente Waters e seus homens ajudem as outras pessoas do acampamento a fugir do país. Daí pra frente é só clichê. Bruce Willis valentão, no estilo Duro de Matar, representando a força e coragem dos EUA pra salvar a humanidade. Monica Bellucci, atriz que eu até gosto, está simplesmente terrível no papel da médica, dando de uma de nervosinha o tempo todo e com a mesma expressão facial durante toda projeção. O final é o mais americanóide possível, com os nigerianos agradecendo ao exército americano como se eles fosses um deuses.

Falcão Negro em Perigo não é nenhum exemplo de filme, mas satisfaz o seu propósito. Esse já é realmente focado nas cenas de ação, que são muito bem feitas. Os cenários são ótimos e a direção do filme garante boas tomadas das cenas, que permite aos espectadores compreender bem o posicionamento dos personagens, as estratégias e o desenvolvimento das ações. Para quem gosta de longas cenas de tiroteio, esse filme é um prato cheio.

Batman - O Cavaleiro das Trevas

Dirigido com muita competência por Christopher Nolan, o mesmo que dirigiu o elogiado Batman Begins, Batman- O cavaleiro das Trevas é um filme de ação que conta com uma trama policial envolvente e tensa o tempo todo. O filme não pára nem um minuto. São muitas informações, muita ação e muitas cenas curtas encadeadas. E quando não é isso, é a presença magnética do Coringa, brilhantemente interpretado pelo falecido Heath Ledger, que não nos deixa relaxar nem um segundo.

O que torna o filme mais interessante é o fato dele não se apoiar apenas nas cenas de ação. Ele explora também o desenvolvimento emocional, moral e psicológico dos personagens. Bruce Wayne está mais maduro e consciente de que Batman não é herói o tempo todo e que não é capaz de acabar sozinho com a criminalidade e corrupção da cidade.

O Coringa, com certeza o personagem mais marcante da história, mostra o quanto ele é cruel e surpreende ao queimar uma pilha enorme de dinheiro e revelar que o quer, é ver “o circo pegar fogo”. Ele acredita na maldade e quer provar que não é o único (em uma ótima passagem do filme, ele diz que apenas está na vanguarda), mas que todos os humanos, quando ameaçados, mostram sua face do mal. E é isso que ele faz o tempo todo: obriga as pessoas a fazerem escolhas cruéis e converte quem é o do bem para o mal . E por mais que ele seja vencido no final, seu objetivo foi alcançado: Batman não é mais um herói, é um foragido. E a cidade continua no caos.

O elenco todo do filme é muito bom. Christian Bale já domina o papel desse novo Batman em conflito com sua identidade. Heath Ledge nos oferece uma das suas melhores performances, e, infelizmente, a última. Há ainda os ótimos Aaron Eckhart como o Duas Caras, Gary Oldman como o tenente James Gordon, Michael Caine como o mordomo Alfred e Maggie Gynlenhall como a mocinha do filme, que imprime muita personalidade ao personagem de Rachel.

Tudo o que Hollywood queria: um filme popular de qualidade que agrada tanto os críticos quanto o público e que já vem batendo todos os recordes de bilheteria.

Nota 10!!

sábado, 19 de julho de 2008

Em DVD

A Via Láctea

Tipo de filme que quer por que quer mostrar que é cult, força a barra e acaba se dando mal. Resultado: um filme chato. Um desperdício, porque a fotografia é simplesmente maravilhosa, os cenários são ótimos, os movimentos da câmera observadora são intrigantes e geniais. Eu sou estudante de Letras e apaixonada por literatura, mas nem por isso quero assistir um filme onde os atores ficam recitando poesia o tempo todo, e até um assaltante fica dizendo coisas “profundas” enquanto rouba o protagonista. O ritmo do filme é bastante lento, e tende muito a mostrar situações surreais, o que me fez lembrar a experiência não muito boa que tive ao assistir Império dos Sonhos. E como Lina Chamie nem é David Lynch, o filme acaba apelando para clichês, como o da cena em que o personagem Heitor se vê quando criança.
Aspectos técnicos nota 10, mas o conjunto... nota 5/10.


Juno

Ótima comédia estrelada por Ellen Page. Esse filme foi uma grande sensação nos EUA, arrecadou uma fortuna em bilheteria no mundo todo e chegou a concorrer ao Oscar 2008 em várias categorias, inclusive a de melhor filme. Levou a estatueta de melhor Roteiro Original, escrito pela estranha Diablo Cody. Eu acho um exagero. O filme é muito bom, mas não merecia estar entre os cinco melhores do ano passado. De qualquer forma, uma comédia inteligente, engraçada e com ótimas atuações. Nota 9/10

Clovefield

Muito melhor do que eu esperava. Durante o ataque de um monstro à cidade de NY, um jovem filma tudo o que acontece com ele e seus amigos desde momentos antes do ataque, quando eles estavam na festa de despedida de um amigo que iria morar no Japão, até o momento de sua trágica morte. O que vemos na tela é justamente o que foi filmado por esse jovem. E isso é o mais interessante. O foco está totalmente voltado para o drama dos personagens e sua luta para sobreviver, e não para as razões do ataque do monstro ou estratégias militares para derrotá-lo. Poderia ser melhor se esses personagens fossem mais interessantes. Nota 7/10

Margot e o Casamento

Filme tão irregular quanto sua personagem principal. Pena, porque é boa a idéia de explorar uma personagem tão complexa como Margot. Ela é uma mulher que se acha muito sábia, e que vê problemas em tudo. Seu desequilíbrio emocional atinge a todos provocando constantes brigas familiares, inclusive com seu filho adolescente, que, por estar mais próximo dela, é quem mais sofre com sua instabilidade. Mas o filme não desenvolve bem e de forma regular o perfil de Margot. Além disso, o súbito desfecho da história é totalmente insatisfatório, pois não resolve nenhuma das tramas que apresenta. Nota 5/10


Lady Chatterley

Baseado no livro O Amante de Lady Chatterley, o filme narra a história de uma mulher casada com um aristocrata paraplégico e que mantém relações amorosas secretas com um empregado de seu marido. Quanto ao enredo, nada surpreendente, mas o filme ganha veracidade devido à forma como é conduzido, a fotografia e a ótima atuação dos atores, que fortalecem essa obra. Nota 8/10.

Kung Fu Panda



Este filme narra a história de um urso panda que trabalha como ajudante de cozinheiro do seu pai, e que sonha em ser um lutador de Kung Fu, o que, à primeira vista, parece impossível, devido ao seu tamanho e ao seu desajeito. Mas Po, o panda, acaba sendo escolhido pelo mestre tartaruga Oogway para ser o novo Dragão Guerreiro. A princípio, Po não leva a sério, mas sua missão é derrotar Tai Lung, que, após anos de prisão consegue escapar e ameaça destruir a cidade por vingança, já que, anos antes ele foi rejeitado como Dragão Guerreiro.

A história traz a velha moral de que devemos acredita em nós mesmos e em nossos potenciais. O original é que a ela é contada com muito humor. Po, o panda, é um personagem muito carismático, e consegue provocar o riso mesmo em cenas clichês, como a que imita o mestre Shifu.

Nota 8/10


terça-feira, 8 de julho de 2008

Em DVD

Na Natureza Selvagem

Este filme capta muito bem o espírito livre e aventureiro do jovem Christopher McCandless, que abandona família, carreira e dinheiro para entregar-se à verdadeira liberdade e realizar seu sonho de passar um período no Alaska, afastado de qualquer contato com os humanos e totalmente integrado à natureza. A história de Chris é comovente e foi contada com muita emoção e competência por Sean Penn, que escreveu e dirigiu este longa. Dentre muitas qualidades e coisas a se notar neste filme, destaco a trilha sonora composta por Eddie Vedder, que é maravilhosa.

Nota 10!!




Meu Nome Não é Johnny

Foi tamanho o bochicho em torno desse filme que eu realmente esperava ele fosse bom. Pior pra mim, que tive uma grande decepção. É um filme sem nenhuma profundidade, que se limita a contar a história do playboy traficante João Estrela, que nem é tão interessante assim. O filme tem uma estrutura muito simples, bastante próxima à de uma novela, e ainda é longo demais, tornando-se bem aborrecido na última parte. Resumindo: um filmeco.


Nota 5/10


O Orfanato

Suspense do início ao fim. A partir da chegada de Laura (Belén Rueda) à casa onde muitos anos antes funcionava o orfanato onde passou sua infância, fatos estranhos acontecem, unindo passado e futuro, para revelar uma tragédia ocorrida nesse lugar. Tudo acontece aos poucos, mas em um ritmo que mantém o espectador alerta o tempo todo. A história é boa, bem explicada e tem um bom desfecho.
O filme é dirigido por Juan Antonio Bayona e produzido por Guilhermo Del Toro (diretor do maravilhoso Labirinto do Fauno), e explora muito bem o mistério que envolve o orfanato e as crianças. Ótimas atuações de Belén Rueda como Laura e Geraldine Chaplin como a sensitiva paranormal.


Nota 9 /10

Wall-E

É notável a superioridade da Pixar em criar personagens com atitudes e emoções tão próximas às dos seres humanos. Depois do maravilhoso Ratatouille que venceu vários prêmios do cinema, entre eles o Oscar de melhor animação, a Pixar nos apresenta Wall-E, mais um grande filme, um dos melhores do ano até o momento.

Wall-E é um robô compactador de lixo que continua exercendo sua função mesmo 700 anos após a Terra ter sido abandonada devido à quantidade de lixo que tornou inviável a vida por aqui. Ele é o único “habitante” da Terra, e compensa sua solidão coletando do lixo coisas para si, que ele vai guardando em sua “casa”. Sua aventura começa quando uma nave espacial deixa no planeta um robô (Eva) para verificar se ainda há vida na Terra. Wall-E logo se apaixona por Eva e vislumbra o fim dos seus dias de solidão.

O que torna Wall-E tão especial é sua sensibilidade. Ele gosta de música, tenta dançar, e tudo o que mais quer é pegar na “mão” de Eva; e para isso ele não mede esforços. É muito comovente esse sentimento puro que ele possui. Em determinada cena do filme Eva assiste aos cuidados que Wall-E lhe prestou enquanto ela estava desativada. Essa cena é de chorar.

Outro ponto forte do filme é a representação dos seres humanos no ano 2700, vivendo em uma estação espacial enquanto não é possível retornar à Terra. São todos gordos, ociosos, consumistas e suas relações são basicamente virtuais. Eles também são, de certa forma, robotizados, já que suas poucas ações são ditadas pela propaganda. Eles possuem muito menos personalidade do que muitos dos robôs que por ali circulam. Uma triste projeção futurística para a raça humana. Se é que ela chegará ao ano 2700.

Durante uma boa parte da história, que na minha opinião é a melhor, Wall-E está sozinho em cena, e consegue, com muita competência, carregar toda trama tendo apenas um baratinha para se comunicar. Impossível evitar a comparação com Tom Hanks e a bola Wilson, em Náufrago e Will Smith e seu cão em Eu Sou a Lenda. A diferença básica é que Wall-E não é um ator, e nem mesmo a representação de um ser humano, ele é um robô. Sendo assim... ator para quê? Temo pelo futuro desses profissionais...

O curta de animação que abre Wall-E também é ótimo e hilário. As expressões e atitudes do coelho são muito divertidas. Muito bem feito.

Confesso que já espero ansiosa por uma nova produção da Pixar.

Nota 10!!