terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Império dos Sonhos


Este é o mais recente filme do aclamado diretor David Lynch, e talvez o mais surreal de todos. É repleto de elementos simbólicos, closes, suspense, cenas artísticas, fantasias e delírios.

A principal personagem é Nikki Grace (Laura Dern), que interpreta uma atriz que consegue um importante papel em um filme que pode revitalizar sua carreira. Logo no início das filmagens ela é informada de que o filme na verdade é uma refilmagem, mas que o original não chegou a ser terminado porque os protagonistas foram assassinados, e que a lenda diz que o roteiro é amaldiçoado. Nikki , que já possui uma vida pessoal misteriosa e artomentada, passa a misturar sonhos, personagens e vida real entrando num pesadelo que atinge profundamente suas angústias, medos e ilusões, principalmente em relação à sua perturbada vida amorosa.

No início parecia um filme bem promissor, mas depois de algum tempo que estamos nessa “viagem” de Lynch, o filme se torna cansativo, ainda mais porque possui 3 horas de duração. Interpretar essa história é tarefa muito difícil. David Lynch é originário das artes plásticas, e experimentou nesse trabalho novas técnicas de filmagens, que influenciam fortemente na arte visual apresentada. Em várias cenas, os personagens aparecem inicialmente sem nitidez, e esta vai se definindo ao longo da cena. Cada ambiente filmado possui uma fotografia bem diferenciada, alguns sombrios, outros frios, outros com cores quentes. São várias as personagens, e a maioria muito misteriosa. O filme é bastante complexo em todos os aspectos.

Laura Dern apresenta uma atuação marcante, criando uma personagem forte em alguns momentos, frágil em outros e assustada na maioria, já que ela vive um tormento em busca de algumas respostas. Marcante também é a trilha musical do filme, que é bastante diversificada e de muito bom gosto.

Este filme dividiu a opinião da crítica. Há quem ame e quem odeie. O público em geral é bem possível que vá odiar, pois o filme é complexo e inexplicável, é uma louca viagem fantasiosa criada por Lynch. Não vou dizer que o odiei, pois reconheço várias qualidades nesta obra, mas realmente é um filme longo, difícil e bastante cansativo de se ver.
Nota 4/10

Conduta de Risco


Este filme de Tony Gilroy, com George Clooney no papel principal, trata de temas como ética e moral, não só no âmbito profissional, mas também relacionados à amizade e família. Na trama, o advogado Michael Clayton é viciado em jogo e já perdeu com isso muito dinheiro, além da confiança de pessoas próximas. Em determinado momento ele se vê dividido entre o dinheiro que poderá saldar suas dívidas e seu silêncio a respeito de um processo que poderá, de certa forma, prejudicar a empresa para a qual trabalha.

Acho que essa breve descrição introdutória já mostra que o roteiro não é muito original. E de fato, o filme não me surpreendeu. O filme é tecnicamente bem feito, apresenta uma fotografia adequada com o momento nebuloso do personagem principal e a própria trama é bem amarrada, mas realmente nada inovador. O desfecho, principalmente, é bem parecido com o de outros milhares de filmes de conspiração, chega a ser infantil.

George Clooney apresenta uma atuação muito boa, mas não marcante a ponto de render-lhe indicações ao Globo de Ouro, e, possivelmente, ao Oscar. A performance de Tom Wilkinson (Arthur Edens) é a que eu considero a melhor deste filme.

Trata-se, com certeza, de um bom filme, vale a pena conferi-lo no cinema. Apenas não espere algo grandiosíssimo.

Nota 7/10

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Jogo de Cena


Como o próprio nome diz, esse documentário de Eduardo Coutinho cria um jogo muito interessante mesclando depoimentos verdadeiros com interpretações. Para isso, o diretor colocou um anúncio num jornal procurando mulheres que quisessem contar alguma história de sua vida pra um filme. Dezoito foram selecionadas e entrevistadas. Alguns meses depois, as atrizes receberam uma cópia em dvd das entrevistas e se prepararam para a interpretação, sem regras pré-estabelecidas.

Coutinho faz uma mistura dessas imagens. Em alguns casos não sabemos se a entrevista é verdadeira ou se está sendo interpretada (note que o próprio diretor, que é o entrevistador, também está interpretando). Certas interpretações ficam tão próximas do depoimento real que o diretor mescla as duas entrevistas, sem com isso comprometer a continuidade da história. Outros casos já são bem mais complicados, deixando a atriz em uma situação difícil, e neste ponto há uma interrupção na cena para a atriz externar suas dificuldades. Complicando um pouco o jogo, Eduardo Coutinho pediu que as atrizes inserissem algo de sua experiência pessoal às entrevistas que interpretam.

O cenário é bastante simples: uma cadeira em um palco de teatro. As entrevistadas estão o tempo todo em close na tela, ficando bem próximas ao espectador. Todas as entrevistadas são mulheres que contam experiências de vida ligadas ao preconceito, amor, casamento, relações familiares e, principalmente, maternidade. Os depoimentos, verdadeiros ou não, são muito tocantes. Afinal, porque tanta preocupação em saber quem é a verdadeira dona da história? Na vida real também não sabemos quando alguém está mentindo ou não…

Genial, não? Este é um documentário sobre o próprio cinema que expõe na prática os limites imprecisos entre a ficção e a realidade. Simples, inteligente e comovente.

Nota 10!

Indicações ao Globo de Ouro

Desejo e Reparação já é destaque no Globo de Ouro. Recebeu sete indicações!

A premiação será dia 13 de janeiro em los Angeles.



Indicados a Melhor Filme Dramático:

O Gangster
Eastern Promises
The Great Debaters
Conduta de Risco
Onde os Fracos não têm Vez
There Will Be Blood

Indicados a Melhor Filme de Comédias e Musicais:

Across the Universe
Charlie Wilson´s War
Hairspray – Em Busca da Fama
Juno
Sweeney Todd

Indicados a Melhor Diretor:

Tim Burton - "Sweeney Todd"
Joel e Ethan Coen - "Onde os fracos não têm vez"
Julian Schnabel - "O escafandro e a borboleta"
Ridley Scott - "O gângster"
Joe Wright - "Desejo e reparação"

Indicadas a Melhor Atriz de Filme Dramático:

Cate Blanchett
Julie Christie
Jodie Foster
Angelina Jolie
Keira Knightley

Indicadas a Melhor Atriz de Musicais e Comédias:

Amy Adams
Nikki Blonsky
Helena Boham Carter
Marion Cotillard
Ellen Page

Indicados a Melhor Ator de Filme Dramático:

George Clooney
Daniel Day-Lewis
James McAvoy
Viggo Mortensen
Denzel Washington

Indicados a Melhor Ator de Musicais e Comédias:

Johnny Depp
Tom Hanks
Ryan Gosling
Phillip Seymour Hoffman
John C. Reilly

Indicados a Melhor Filme de Língua Estrangeira:

4 meses, 3 semanas and 2 dias - Romênia
O escafandro e a borboleta - Fraça
O caçador de pipas - EUA
Lust, caution - Taiwan
Persépolis - França

sábado, 8 de dezembro de 2007

National Board of Review

Esse grupo de críticos já escolheu seus favoritos do ano. Já podem considerar essa premiação uma prévia do que vem por aí no Globo de Ouro e Oscar.

Filme: “Onde os fracos não têm vez”, dos irmãos Coen
Diretor: Tim Burton, por “Sweeney Todd”
Ator: George Clooney, por “Conduta de risco”
Atriz: Julie Christie, por “Longe dela”
Ator coadjuvante: Casey Affleck, por “O assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford”
Atriz coadjuvante: Amy Ryan, por “Medo da verdade”
Filme estrangeiro: “O Escafandro e a borboleta”, de Julian Schnabel
Documentário: “Body of war”
Animação: “Ratatouille”
Elenco: “Onde os fracos não têm vez”
Ator revelação: Emile Hirsch, por “Na natureza selvagem”
Atriz revelação: Ellen Page, por “Juno”
Diretor revelação: Ben Affleck, por “Medo da verdade”
Roteiro original: “Juno” e “Lars and the Real Girl”
Roteiro adaptado: “Onde os fracos não têm vez”

Ratatoullie

Este, que eu considero um dos melhores filmes do ano, está sendo indicado a 13 categorias no International Animated Film Society.
:-)

Mais detalhes: http://www.cinemaemcena.com.br/Premiacao_Detalhe.aspx?ID_PREMIO=15&ID_PREMIACAO=925

Filmes em DVD - Novembro

Abaixo os comentários de alguns filmes que assisti em DVD no mês de novembro.
Letra e Música

Essa é realmente uma das piores comédias românticas a que eu assisti nos últimos anos. Filme fraquíssimo, repleto de clichês e com raríssimas cenas em que é possível esboçar um sorriso. O clip dos anos 80 com Hugh Grant rebolando (coisa que eu nunca havia conseguido imaginar) é o que há de melhorzinho. E será que não tinha uma atriz melhor que Drew Barrymore para contracenar com ele? Aposto que sim, aliás acho difícil terem feito uma escolha pior. Mesmo Hugh Grant dessa vez me decepcionou, e mesmo assim, somente em homenagem a ele, eu consegui chegar até o péssimo final da história.

Nota 3

Possuídos

Este filme me surpeendeu. Pelo título e pela sinopse, eu esperava um filme de terror cheio de insetos carnívoros e nojentos. Nada disso. Trata-se de um suspense inteligente e muito interessante. Um homem misterioso se hospeda na casa de uma jovem (muito bem interpretada por Ashley Judd) que vive em uma pequena cidade americana, ambiente ideal para suas ambições.
Ele, paranóico, ela, emocionalmente fragilizada. Potencializados pelo uso de drogas, os dois vão longe em suas fantasias paranóicas. Em momento algum o filme é previsível (até metade do filme eu ainda estava esperando os insetos aparecerem), criando uma tensão constante (assim como a dos personagens) e nos prendendo à história.

Nota 8

Invasão de Domicílio

Filme bem morninho que dicute as relações de um casamento desgastado pela rotina. O distanciamento do casal favorece o envolvimento do marido com outra mulher. A melhor atuação é da atriz Julliet Binoche, que consegue em determinada cena representar muito bem sentimentos de vergonha, pudor e constrangimento. Fora isso, nada demais.

Nota 6


Amantes Constantes

São quase 3 horas de pura chatice. Típico filme de diretor repleto de cenas artísticas (belíssimas, por sinal), mas que só é interessante para ele e seus amigos. Tem que ser muito mestre pra conseguir um filme bom baseado nesses moldes, o que o diretor Philippe Garrel não alcançou nesta obra. Trata-se do cotidiano de alguns jovens franceses no ano de 1968, época de grandes manifestações sociais e políticas na França. Os personagens são entediantes e as cenas são longas e repetitivas.
Ok, a fotografia é muito boa, mas isso não faz um filme.

Nota 3

domingo, 2 de dezembro de 2007

No Vale das Sombras



Este filme é um verdadeiro retrato de desumanização de jovens americanos durante a guerra no Iraque. A trama se desenrola a partir do momento que Hank Deerfield (Tommy Lee Jones), ex-militar, começa a procurar seu jovem filho, que não lhe dá notícias desde que voltou do Iraque. Em pouco tempo descobre que ele foi brutalmente assassinado, e inicia a investigação do crime.

A partir daí o que se vê é a dor de um pai, que além de ter filho morto, começa a descobrir duras verdades a respeito do comportamento do filho durante a guerra, e isso inclui uso de drogas e tortura de prisioneiros. Descobre ainda que ele não é o único, que outros jovens que estiveram nessa guerra possuem comportamento agressivo e voltam agindo como se ainda estivessem em guerra, sem limites para as suas ações.

Todos os atores estão muito bem. Tommy Lee Jones, como ex-militar, é mais contido em sua emoção, porém não deixa de transparecer a dor que é perder o filho. Susan Sarandon, ao contrário, é toda emoção em sua pequena participação. Charlize Theron, em um personagem totalmente desprovido de sensualidade, se sai bem como a policial durona. Seu personagem cresce num o ambiente burocrático que envolve a disputa entre a polícia militar e a civil para assumir a investigação do crime. Entretanto, isso é muito parecido com o que já vimos em vários outros filmes policiais.

Preenchendo com silêncios e imagens fortes momentos de dor, tristeza e revolta, o filme funciona muito bem como crítica Estados Unidos, pois não cria aquela velha versão “morrer pela pátria”. Pelo contrário, pede socorro para acabar com essa guerra que já matou milhares de soldados americano e iraquianos inocentes.

Nota 8




quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Independent Spirit Awards

Enfim, saiu a lista dos indicados ao prêmio do cinema independente. E, felizmente, a maioria dos indicados são bem diferente daqueles mais prováveis para concorrer ao Oscar. Os vencedores serão premiados no dia 23 de fevereiro, apenas um dia antes da premiação do Oscar.

Destaque para I´m not There, de Todd Haynes, que recebeu 4 indicações e já é o vencedor do primeiro Robert Altman Award, prêmio instituído em homenagem ao diretor norte-americano morto em 20 de novembro de 2006.

Ainda não posso torcer por nenhum, pois não assisti a nenhumas das produções aqui citadas... :-(

Indicados Melhor Filme:

I´m not There
O Escafandro e a Borboleta
Juno
O Preço da Coragem
Paranoid park

Indicados Melhor Diretor:

Todd Haynes (I´m not There)
Tamara Jenkins (The Savages)
Jason Reitman (Juno)
Julian Schnabel (O Escafandro e a Borboleta)
Gus Van Sant (Paranoid Park)


Indicados Melhor Ator:

Pedro Castaneda (August Evening)
Don Cheadle (Talk to Me)
Philip Seymour Hoffman (The Savages)
Frank Langella (Starting Out in the Evening)
Tony Leung (Lust, Caution)


Indicados Melhor Atriz:

Angelina Jolie (O Poder da Coragem)
Sienna Miller (Entrevista)
Ellen Page (Juno)
Parker Posey (Broken English)
Tang Wei (Lust, Caution)


Indicados Melhor Ator Coadjuvante:

Chiwetel Ejiofor (Talk to Me)
Marcus Carl Franklin (I´m not There)
Kene Holliday (Great World of Sound)
Steve Zahn (O Sobrevivente)
Irfan Khan (Nome de Família)


Indicados Melhor Atriz Coadjuvante:

Cate Blanchett (I´m not there)
Anna Kendrick (Rocket Science)
Jennifer Jason Leigh (Margot at the Wedding)
Tamara Podemski (Four Sheets to the wind)
Marisa Tomei (Antes que o Diabo Saiba que Você está Morto)


Indicados Melhor Filme Estrangeiro:

4 meses, 3 semanas e 2 dias (Romênia)
Lady Chatterley (França)
Once (Irlanda)
The Band´s Visit (Israel)
Persépolis (França)

domingo, 25 de novembro de 2007

Mutum


Baseado em um romance de Guimarães Rosa, Mutum retrata com muita fidelidade o cotidiano da vida pobre no sertão. É notável o capricho da estreante diretora Sandra Kogut nos detalhes dos cenários e no andamento do filme, que imita o ritmo daquela vida rotineira, lenta e sofrida.

A história é bastante simples, e não é novidade alguma para nós brasileiros a pobreza em que vivem as famílias no sertão, muitas vezes isoladas em seus ranchos. Sabemos sobre o árduo e mal recompensado trabalho na roça, a exploração do trabalho infantil, a violência doméstica, as más condições de alimentação, higiene e saúde, etc. Mas este filme vai muito além disso, porque ele é carregado de emoção.

O personagem principal do filme, Tiago, é um menino extremente sensível, e como toda criança, tem seus sonhos e medos. Tiago não enxerga muito bem com os olhos, mas percebe como ninguém a carência presente em cada pessoa com quem convive. Seu sentimentalismo e sua bondade toca a todos, tornado-o especial.

Lembro-me que quando li esta história Guimarães Rosa, há muitos anos, o trecho que mais me comoveu foi aquele em que Miguilim experimenta uns óculos e passa a enxergar com nitidez muitas coisas que ele não conseguia ver, e como ele não sabia da sua deficiência, acreditava que o mundo era daquele jeito mesmo. Assistindo ao filme, a emoção foi a mesma, trata-se de uma cena memorável e que traz seu simbolismo. Depois dessa experiência, Tiago decide deixar o lugar onde vive para ver mais coisas e ir além.

Curiosidade: todas as crianças do filme são atores não profissionais, experiência que também já foi bem sucedida em outros filmes, como Central do Brasil e O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias.


Nota 8


segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A Culpa é do Fidel!


Excelente história que se passa na década de 70, quando a ameaça comunista estava fortemente presente na europa e américa latina.

O interessante do filme é que ele mostra a visão de uma criança de 9 anos, Anna (Nina Kervel-Bey), que, convivendo com pais comunistas, estudando em colégio de freiras e sendo influenciada por outros familiares que condenam o comunismo, fica completamente confusa, sem saber de que lado ficar.

É perfeitamente compreensível que a criança coloque a culpa no Fidel. Afinal, ela tinha uma vida confortável em Paris, morando em uma casa com jardim, estudando em colégio de freiras, fazendo aulas de catecismo e, principalmente, tendo a atenção constante dos pais. De uma hora para outra seus pais viajam para o Chile para ajudar na campanha de Salvador Allende, deixando-a com a empregada (uma refugiada cubana). Quando seus pais voltam, eles se mudam para um apartamento menor, demitem a empregada cubana, impedem que ela assista às aulas de catecismo e a casa passa a ser frequentada por vários ativistas “barbudos”.

Na medida do possível, os pais de Anna tentam fazê-la compreender a importância do trabalho em que eles estão empenhados. O que eles não entendem é que Anna é uma menina precoce (onde Nina Kervel-Bey se revela uma ótima atriz), e que as meias explicações que eles dão a deixam confusa e não a satisfaz. Isso agrava a situação, fazendo-a a princípio, gostar menos dos comunistas. Mas com o tempo, e graças as sua própria inteligência e persistência, ela acaba por compreender que trata-se de uma forma diferente de viver, mais racional e mais justa. Mesmo com esse amadurecimento, Anna ainda encontra dificuldade de se posicionar no mundo, como mostra a última cena do filme.

Em meio a esse ambiente, o filme também contém cenas divertidas, que retratam exatamente uma visão infantil da situação e tornam o filme mais leve. Anna tem medo das novas amigas da mãe, que se vestem como ciganas, confunde conceitos como solidariedade e maioria, provoca os barbudos (comunistas) tentando fazê-los entender que o bom é comprar, vender, ter lucro e economizar, etc.

O filme da diretora Julie Gavras acerta no ritmo, na dose de humor, na ambientação, no figurino, na temática, e principalmente na atriz mirim.

Nota 10!

sábado, 3 de novembro de 2007

O Passado


Divórcio realmente nunca é fácil, mesmo quando parece ser de comum acordo, ou pelo menos quando a pessoa que é deixada aceita o fato de maneira amigável, que é o caso mostrado por este filme de Hector Babenco.


Rímini, interpretado por Gael García Bernal, se separa da esposa, com quem viveu 12 anos, e com quem começou a namorar ainda na adolescência. Assim que se separa de Sofia (Analía Couceyro), ele começa a evitá-la, enquanto ela sente grande dificuldade de desvincular sua vida da dele. O ciúme de Sofia aumenta à medida que Rímini começa a namorar outras mulheres, e então ela passa a criar situações embaraçosas para seu ex-marido, sempre prejudicando suas novas relações.

O Filme começa focando bem o momento da separação do casal, onde eles têm que fazer a divisão de tudo aquilo que compraram juntos, obrigando-os a relembrar momentos de intimidade. Sobre este momento cabe uma discussão sobre as diferenças entre as atitudes masculinas e femininas na relação amorosa. Enquanto Sofia insiste para que Rímini a ajude a decidir com quem fica cada coisa, principalmente as fotos, ele se mostra disposto a abrir mão de quase tudo, demonstrando que dá muito menos valor do que ela ao passado que tiveram juntos.

O filme vai muito bem até atingir seu auge, quando sofia comete a maior de suas loucuras, que leva Rímini a uma profunda depressão. A partir daí o ritmo do filme se torna lento e perde o foco da questão do divórcio, desenvolvendo muito mais o personagem de Gael, enquanto que Sofia parece que se sequer trocou de roupa. Ela aparece já na última parte do filme, com um plano para reconquistá-lo.

Algumas cenas do filme me pareceram bastante forçadas, como a da modelo na rua vestida apenas com lingerie e esbravejando com o namorado pelo telefone, e a cena do atropelamento da mesma, já que isso não foi posteriormente explorado. Por outro lado, o filme contém muitas cenas de sexo envolvendo Rímini, que acho bem apropriadas, já que claramente o filme enfatiza a visão masculina. Prova disso é que o homem é tratado como vítima e a mulher (ou as mulheres) como bruxa.

O filme é bom, mas a última parte ficou realmente prejudicada, deixando a desejar.


Nota 7

Time - O Amor Contra a Passagem do Tempo

Este é mais um ótimo filme do diretor Kim Ki-Duk, que já dirigiu Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavra e Casa Vazia. Assim como seus outros filmes, Time também é rico em elementos e de complexa reflexão.

Neste filme, uma jovem acredita que seu relacionamento com o namorado está abalado e resolve transformar todo seu corpo com cirurgias plásticas, buscando se tornar uma mulher diferente e mais atrativa para reconquistá-lo.

Logo no início do filme, aparecem cenas reais de cirugias plásticas, que mais parecem filme de terror, de tão agressivas que são para o corpo humano. Embora chocantes, as cenas não fazem See-hee desitir da cirurgia que levará seis meses para mostrar resultado. Essa é uma realidade cada vez mais comum no mundo todo, onde milhares de homens e mulheres se submetem a cirugias, que muitas vezes são arriscadas, apenas para melhorar sua aparência.

O diretor trabalha fortemente a questão da identidade. Imagino como seria olhar no espelho e ver um outro rosto diferente do que estou acostumado. Isso implicaria numa mudança de atitude? Talvez... assim como ocorre quando nos vestimos para uma ocasião formal e informal. São situações em que agimos de maneiras diferente. Mas e quanto ao caráter e a personalidade? Mudar a aparência pode significar melhoria de auto-estima, mas não vai corrigir os defeitos nem alterar nossas qualidades.

O filme em questão vai além disso, já que a cirurgia foi feita para reconquistar o amor de um homem que gostava dela da maneira como ela era, com seus defeitos e qualidades. Ao perceber isso, a jovem See-hee começa a sentir ciúmes da mulher que era antes. Neste ponto do filme, o diretor brinca de maneira brilhante com uma máscara, e dá início a um jogo de busca ao verdadeiro, quando o namorado de See-hee também resolve fazer uma cirurgia. Ela beira a loucura tentando encontrar o novo homem no qual seu namorado se transformou, e aí fica claro que não importa a aparência, o que ela procura é simplesmente uma mão que encaixe perfeitamente na dela...

O filme apresenta um brilhante trabalho artístico, o que já é uma marca dos filmes coreanos, e, ao contrário dos outros já citados filmes de Kim Ki-Duk, este é repleto de diálogos.

Nota 10!

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Mostra CineBH

Mostra de Cinema no meu próprio bairro??? É muita emoção....

Tem início hoje a Mostra CineBH, na praça do charmoso bairro Santa Tereza de BH ...

Não percam!!

http://www.cinebh.com.br/

De quebra, uma fotinha de Santa Tereza...


Festival de Cinema de Roma

O filme vencedor do Festival de Roma desse ano foi Juno, do diretor canadense Jason Reitman. O filme é estrelado por Ellen Page (de Menina Má.com).

Também foi premiado Into The Wild, de Sean Penn.

O Segredo de Berlim



Apesar do elenco de peso (Cate Blanchett e George Clooney), este filme de Steven Soderbergh saiu direto nas locadoras no Brasil. Trata-se de um bom filme, mas com pretensão de ser um filme ‘cult’, foi rodado em preto e branco e foram utilizados recursos técnicos dos anos 40. Com certeza isso não atrairia um grande público para as salas de cinema, a não ser que se tratasse de um filme muitíssimo bom.
A história de suspense se passa em Berlim, no período após a Segunda Guerra Mundial (mais um filme sobre a Segunda Guerra Mundial...) .Um jornalista correspondente do exército americano (Clooney) vai à Berlim fazer a cobertura da reunião da alta cúpula dos Aliados e procurar uma antiga namorada (Blanchett), e acaba se envolvendo numa intriga.
O filme apresenta uma bela fotografia. A atuação de George Clooney deixa a desejar, enquanto Cate Blanchet, em ótima fase de sua carreira, se sai muito bem no papel de mulher misteriosa.

Nota 7


quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Um Crime de Mestre


Suspense mediano com Anthony Hopkins e Ryan Gosling.
Anthony Hopkins interpreta um homem frio que mata sua esposa ao descobrir que ela tem um amante. A princípio ele assume a culpa, mas depois alega inocência, fazendo com que o promotor (Gosling), que estava prestes a entrar para um importante escritório de advocacia, prove sua culpa.
A trama é até interessante, o filme consegue criar um suspense que nos envolve, mas é pouco. Nos parece que o marido traído estava tentando mais se vingar do promotor do que da mulher e seu amante... Além disso, o final é previsível, e o envolvimento do jovem promotor com sua futura chefe é bastante forçado e desconectado. Também há várias cenas “sobrando” nesse filme, como as do promotor no hospital, fazendo com que a gente queira que o filme vá logo ao que interessa. As boas atuações dos dois atores não salvam o filme.

Nota 6

Youth Without Youth



Depois de 10 anos de expectativa por um novo filme do diretor Francis Coppola, sua mais recente obra foi apresentada pela primeira vez essa semana, no festival de Roma, onde dividiu opiniões.
O filme é um projeto mais independente de Coppola, no qual ele trabalhou com baixo orçamento e teve mais liberadade artística. Nele, o diretor toca em temas relacionados à idade, passado e história.

Quanto às críticas, Coppola alega que quando um artista explora novos conceitos, as pessoas precisam de tempo para se familiarizar com o filme.

Será? Como já disse o cineasta Jean-Claude Carrière: no cinema, é agora ou nunca.

domingo, 21 de outubro de 2007

Piaf - Um Hino ao Amor

Edith Piaf é considerada uma das maiores cantoras francesas de todos os tempos. Teve infância pobre, foi abandonada pela mãe, criada pela avó em um bordel, e aos dez anos viajava com o pai, que era artista de circo. Muito nova começou a cantar nas ruas, e aos 20 anos foi contratada para cantar em um cabaré, onde começou sua carreira artística.

Piaf viveu a vida intensamente, entregue à música, à bebida e ao sofrimento causado pelas perdas da filha e do seu grande amor, além dos problemas de saúde. Em uma cena do filme, Edith Piaf apresenta uma aparência de idosa, provocando espanto na platéia quando revela que possui apenas 44 anos.

O filma intercala diversas fases da vida da cantora, o que o torna mais interessante, embora acabe não deixando muito claro os problemas de saúde que tanto a afligiam e, assim como ocorre em Ray, a ânsia de representar fielmente a realidade, acaba tornando o filme bastante convencional.

Marion Catillard interpreta Edith Piaf de forma brilhante. Não é àtoa que, antes mesmo de ser indicada, já está sendo considerada favorita ao Oscar de melhor atriz. Seu talento aliado ao ótimo trabalho de maquiagem retrata muito bem as tranformações de Piaf em sua vida adulta.

O filme emociona pela intensidade com que retrata Edith Piaf descobrindo a sua voz, o sucesso, o amor, o sofrimento e a dor. Todos esses aspectos se refletem em sua música e sua belíssima interpretação nos palcos, que, assim como no filme, consegue deixar a platéia extasiada.

Nota 8

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Mostra de São Paulo

Começou hoje a 31ª Mostra de Cinema Internacional de São Paulo. Mais de 350 filmes serão exibidos! Filmes imperdíveis como Redacted, O Passado, Irina palm, Império dos Sonhos, Lust, Caution, I´m Not There, A Casa de Alice e etc.

Detalhes: http://www2.uol.com.br/mostra/31/p_home.shtml

Um dia eu ainda vou fazer minhas férias coincidirem com a mostra... hehehe

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Homem Aranha 3

Se meu namorado, que adora filmes de super heróis, achou Homem Aranha 3 péssimo, eu nem vou me dar ao trabalho de assistir... (já estava mesmo com preguiça...)

Filmes em DVD

Bem, como o cinema anda caro, e eu não tenho muito tempo disponível para frequentar as salas (trabalho 9 horas por dia com computação, que é meu ganha-pão), muitos dos filmes que vou comentar aqui eu assiti em DVD, e por isso o comentário chegará um pouco atrasado...

Enfim... aí vão os comentários dos filmes que assisti em dvd no último final de semana...

Bobby

Filme com muitas estrelas e pouco conteúdo. Muitas subtramas que se desenrolam num ritmo muito lento e aborrecido, não dando aos atores chance de desenvolverem bem o personagem. Nem mesmo o momento final do filme consegue criar tensão suficiente para um desfecho condizente com a tragédia. O filme toca em questões sociais importantes, mas na maior parte do tempo força a barra para exaltar o patriotismo americano e seus heróis.
Nota 4

Lady Vingança

Terceiro filme da trilogia do diretor coreano Park Chan-Wook, da qual fazem parte Mr. Vingança e o elogiado Old Boy.
Trata-se de uma impecável produção artística com forte preocupação estética, resultando em cenas belíssimas. Assim como Old Boy, Lady Vingança é um filme intenso, com cenas chocantes, e que vai se revelando aos poucos. Ótima atuação da atriz Lee Yeong-Ae, mas o roteiro ainda perde para o de Old Boy.
Nota 7

domingo, 14 de outubro de 2007

Tropa de Elite


Que sorte a minha poder estrear este blog fazendo comentários sobre um filme nota 10: Tropa de Elite.

Estréia do filme em BH, sala completamente lotada, sendo que boa parte da platéia já havia assitido à cópia pirata. Realmente um fenômeno. De fato, o filme faz jus a todo o bochicho em torno dele.

O filme retrata a corrupção dos policiais da PM, que com a desculpa dos baixos salários, presta seviços a particulares em troca de dinheiro; e isso ocorre em todos os níveis da hierarquia da instituição. De que adianta então, enviar policiais às favelas, se o que eles vão fazer, é negociar propina com os traficantes? Aí entra a tropa de elite, formada de policias não corruptos, muito bem treinados para a guerra nas favelas, e cujo objetivo principal é combater o tráfico, não importando quantos terão que matar para isso. Em certa cena do filme, o policial Nascimento (brilhante interpretação de Wagner Moura), chefe do BOPE, diz que para fazer parte deste grupo não se pode sentir remorsos, e quando ele mesmo percebe que já não é capaz disso, inicia um processo de busca por um substituto.

Não há bandidos e mocinhos no filme. Embora tendemos a torcer pelo BOPE, não podemos nos esquecer dos seus métodos brutais para obter informações, que certamente inocentes também morrem em suas mãos, e que violência gera violência. Mas não será o BOPE uma mal necessário diante de uma situação que parece sem solução e com a qual convivemos há tantos anos?

O filme também critica a burguesia, que consome drogas e financia o tráfico, começando pelos universitários. Esse é o tipo de filme que nos leva a diversas reflexões.

A narrativa em primeira pessoa do filme é bastante poderosa. As cenas são muito boas, os diálogos são excelentes, os atores estão ótimos, e a trilha sonora acompanha bem o ritmo do filme. Orgulho de ser uma produção brasileira.

Já saí do cinema com vontade de assisti-lo novamente.

Nota 10!!