domingo, 4 de janeiro de 2009

Um Homem Bom



O que impede esse bom filme do diretor Vicente Amorim de ganhar um destaque maior é o já super explorado e desgastado tema do nazismo no cinema. A essa altura só mesmo uma visão muito original sobre a perseguição aos judeus durante o governo de Hitler pode realmente nos dar a sensação de algo novo na telona. Mas como já adiantei, gostei do filme. Ele não ousa muito, é coerente e possui força suficiente pra nos levar a um envolvimento com a história e compreensão do seu protagonista.


A história se baseia nos conflitos de John Halder, um acadêmico e pai de família que, em 1937, cai nas graças de Hitler por escrever um livro que defende a eutanásia. Ele é então convidado a se filiar ao partido nazista e compor sua elite intelectual. Embora a princípio rejeite a idéia, a certeza de uma promoção na universidade, a idéia de agradar à jovem aluna (Jodie Wittaker) por quem se apaixonou, e, é claro, a pressão dos membros do partido, faz com que ele tome uma decisão da qual se arrependerá quando for já muito tarde.


Muito bem interpretado por Viggo Mortensen, Halder é um personagem complexo. Como o próprio título já sugere, ele é um homem bom, decente e com uma paciência infinita para com os familiares e amigos. Como todo ser humano, ele não está livre de cometer erros, mas também não chega a perder a essência do seu caráter. Isso é visível na cena em que defende e mostra carinho por sua ex-mulher, apesar de tê-la abandonado para ficar com sua aluna, e principalmente na triste cena em que se vê pela primeira vez vestido com uniforme nazista. Halder mal reconhece sua imagem no espelho. Viggo Mortensen confere ao seu personagem uma humanidade imensa, e só a expressão de seu olhar é muitas vezes suficiente para compreendermos todo o seu sentimento.


A fotografia é responsável pelo clima pesado e sério que acompanha todo o filme. Ela faz uso de tons escuros, puxados para o cinza e o marrom, ambientes fechados e meio enevoados, além de muitas cenas noturnas. Em vários momentos, a iluminação foca apenas no personagem e no que está muito próximo dele. O resto é escuridão.


Sem perder de foco o desenvolvimento do seu personagem principal, o roteiro também acerta ao passar uma boa idéia de como era a campanha nazista nos anos que antecederam a segunda guerra mundial. De fato, uma campanha bastante eficaz, que exaltava o sentimento nacionalista de boa parte do povo, e tornava os militantes obcecados por agradar ao Führer.
Não é um filme imperdível ou mesmo original, mas é expressivo, conta uma boa história e é resultado de um bom e sério trabalho.


Nota 8/10


Título Original: Good. País: Inglaterra/Alemanha. Direção: Vicente Amorim. Roteiro: John Wrathall. Elenco: Viggo Mortensen, Jason Isaacs, Jodie Whittaker, Steven Mackintosh

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