segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O Lutador


A parceria entre Darren Aronofsky (diretor dos ótimos Pi, Fonte da Vida e Réquiem para um Sonho) e Mickey Rourke rendeu um dos melhores filmes da temporada. Rourke faz por merecer todos os prêmios que vem recebendo. Ainda que muitos andem dizendo que ele interpreta a si mesmo (decadênica profissional, luta livre e volta por cima já são velhos conhecidos do ator), não é nem um pouco fácil ser você mesmo na frente das câmeras.

Rourke cria um personagem complexo: um lutador decadente, solitário, carente, vaidoso e apaixonado pela luta livre, mas que também é egoísta e tem um relacionamento difícil com sua única filha, que já sofreu muito com a rejeição do pai. Ele tem plena consciência dos seus erros e fraquezas, mas não consegue evitá-los. Com seus cabelos louros e compridos, sua chamativa veste de "carneiro", sua força física e sua autoconfiaça ao subir num ringue, Rourke levanta a platéia e dá um show.

O roteiro não se limita à mostrar o lado "lutador" do protagonista, mas passa por toda a sua rotina, desde seu trabalho no supermercado (do qual ele precisa para sobreviver), seus problemas de saúde, seu relacionamento com outros lutadores de luta livre, seu relacionamento com sua filha e seu interesse pela dançarina de boite Pam. Isso é, mostra todos os lados desse personagem e nos faz entender melhor porque a luta livre é tão importante para ele. Na verdade, é o que lhe dá prazer e o mantém vivo, e tudo isso é confirmado nos discurso que ele faz antes de sua última luta. Um discurso que não é só do personagem, mas também do próprio Mickey Rourke.

Assim como Rourke, Marisa Tomei também tem uma ótima atuação e vive de certa forma os mesmo problemas do lutador. Ela interpreta com categoria Pam, uma dançarina de boite que já sofre a rejeição dos clientes por causa da sua idade. Um papel difícil que a obriga a expressar, às vezes uma só cena, sedução, desapontamento, impaciência, tristeza e felicidade. Uma atuação muito comovente de Marisa Tomei.

Com uma câmera que segue de perto o protagonista, Aronofsky nos faz acompanhar e se envolver com a vida de pessoas que dificilmente nos despertariam a atenção na vida real. Ele nos faz olhar de perto para aquilo que é decadente, que está nas margens, mas que tem seu valor e quer ser reconhecido.

Nota 10!

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