domingo, 13 de janeiro de 2008

Desejo e Reparação

Este longa dirigido por Joe Wright é uma adaptação da mais famosa obra do escritor inglês Ian McEwan. O livro é excelente, e o filme é uma adaptação bem fiel da história, embora algumas ótimas passagens envolvendo alguns personagens secundários foram sacrificadas. Além disso, Ian McEwan entra fundo na questão que envolve o imaginário e a realidade, e isso fica bastante superficial no longa. Mas é normal que isso aconteça em adaptações, já que o tempo da projeção é curto demais para explorar todos os detalhes.

Da janela da mansão onde mora, Briony (Saoirse Ronan), de 13 anos, assite a uma estranha e erótica cena envolvendo sua irmã Cecilia (Keira Knightley) e Robbie (James McAvoy), o filho da empregada. Sem saber o contexto da situação e abusando do sua fértil imaginação de escritora, Briony tira suas próprias conclusões sobre a cena à qual assiste de longe. Outros fatos ainda mais chocantes que acontecem durante o dia envolvendo o casal e outros hóspedes da casa, levam Briony a fazer uma injusta acusação, que mudará para pior a vida de todos os presentes na casa aquele dia.

A primeira metade do filme é focada nos acontecimentos na mansão no dia da chegada do irmão de Cecilia e Briony. A partir da segunda metade da projeção, o filme vai se tornando cada vez mais triste e mais frio em sua fotografia. Os personagens enfrentam os horrores da Segunda Guerra Mundial e problemas emocionais em decorrência do ato inconsequente de Briony.

O filme é muito bem ambientado na década de 40. Os figurinos e os cenários são ótimos. Keira Knightley, que já trabalhou com Joe Wright em Orgulho e Preconceito, tem uma boa atuação no papel da decidida Cecilia, assim como James McAvoy também acerta o tom de seu personagem, que passa por várias fases ao longo a história. Merece destaque a cena (muito bem recortada) em que McAvoy escreve uma carta para Cecilia. A jovem Saoirse Ronan, que interpreta Briony aos treze anos, também está perfeita no papel de uma garota de gênio forte. Já Romola Garai, que vive Briony no final da adolescência, atua de forma engessada e sem vida, distanciando-se muito da personalidade forte da personagem. Em compensação, Vanessa Redgrave dá um show em sua curta participação no filme. Ela é responsável por interpretar Briony na velhice e encerrar o filme, e realiza com méritos essa função, demonstrando a emoção verdadeira e contida de Briony ao assumir publicamente sua culpa e revelar sua forma de se desculpar por seu erro irreparável. De todos os atores do filme, Vanessa Redgrave é a que mais merece ser indicada a prêmios.

A trilha sonora do filme é bastante original. Em vários momentos ela reproduz o barulho produzido por uma antiga máquina de escrever, como se a história que está sendo contada estivesse sendo datilografada naquele momento. E de fato está. Apenas no final percebemos que toda a história é narrada do ponto de vista de Briony, o que torna o desfecho, de certa forma, surpreendente.

Ao contrário do romance de Ian McEwan, o filme não chega a ser uma obra-prima, mas conta com um bom roteiro e uma produção impecável.

Nota 8/10

Um comentário:

Anônimo disse...
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